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Bolsonaro diz à PF que não viu íntegra de vídeo golpista que postou

O ex-presidente Jair Bolsonaro ao deixar a sede da Polícia Federal, em Brasília, onde prestou depoimento sobre os atos de 8/1 - Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-presidente Jair Bolsonaro ao deixar a sede da Polícia Federal, em Brasília, onde prestou depoimento sobre os atos de 8/1 Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

27/04/2023 13h34Atualizada em 27/04/2023 14h02

Em depoimento à Polícia Federal ontem, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou que não assistiu a todo o vídeo golpista publicado em seu Facebook no dia 10 de janeiro —motivo pelo qual foi convocado a prestar esclarecimentos no inquérito que apura os ataques do 8 de janeiro.

O que Bolsonaro disse à PF?

O ex-presidente teria visto o vídeo no Facebook e queria assisti-lo posteriormente. Bolsonaro disse que costuma encaminhar conteúdos que lhe interessam para o seu número de WhatsApp pessoal "para posterior visualização", e assim o fez após ser liberado de uma internação por obstrução intestinal. Ele mencionou que tinha sido medicado com morfina.

Ele teria errado o compartilhamento, e o vídeo foi postado em sua página no Facebook. "Ao clicar duas vezes na opção compartilhar, o vídeo passa a constar nas postagens da sua própria página no Facebook", disse no depoimento.

"Vídeo foi postado sem seu real interesse em publicá-lo", justificou. Bolsonaro ainda afirmou que não tem o hábito de compartilhar conteúdos de pessoas desconhecidas e que excluiu a publicação ao ser alertado sobre a postagem.

Afirmou que não emitiu "juízo de valor" sobre o conteúdo do vídeo. Ele deu essa resposta quando foi indagado a respeito de sua opinião sobre as eleições.

Disse ainda que as eleições de 2022 são "página virada em sua vida". Bolsonaro afirmou que repudiou os ataques aos três Poderes no dia 8 de janeiro no Twitter, rede que diz usar com maior frequência.

Voltou a repetir que atuou "nas quatro linhas da Constituição": "O declarante reitera que repudia e condena todo e qualquer ato que vise a abalar a ordem democrática e que durante os seus quatro anos de governo sempre atuou dentro das 'quatro linhas' da Constituição Federal".

Bolsonaro disse estar à disposição da PF para prestar outros esclarecimentos. Seu depoimento durou cerca de duas horas.

Na porta da Polícia Federal, os advogados de Bolsonaro também já haviam negado que um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, teria sido o autor da postagem.

O depoimento de Bolsonaro ocorreu após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), atendendo a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).

O que dizia a postagem:

A postagem foi compartilhada em 10 de janeiro deste ano. Nela, Bolsonaro diz que Lula não foi eleito pelo povo, e sim escolhido pelo serviço eleitoral junto a ministros do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A publicação viralizou rapidamente nas redes sociais e foi apagada pouco depois.

O post era trecho de uma entrevista de Felipe Gimenez, procurador de Mato Grosso do Sul, apoiador declarado de Bolsonaro, alegando que não houve transparência na apuração das urnas eletrônicas e que não era possível ver a contagem dos votos. O que não é verdade.

Também questionou a credibilidade das urnas eletrônicas eleitorais e disse que o código fonte não pode ser verificado, além de ser defendido o uso de voto impresso.