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11 meses

Erika Hilton pede medidas contra Carrefour após agressão a negros na BA

Do UOL, em São Paulo

07/05/2023 17h52

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) pediu providências das autoridades após um caso de agressão a duas pessoas negras na parte externa de uma loja do Big Bom Preço, que pertence ao grupo Carrefour, na última sexta (5), em Salvador.

O que aconteceu?

A parlamentar pede que o Carrefour seja responsabilizado por descumprir um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado em 2021. O documento foi assinado após a morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, no estacionamento de um supermercado do grupo em Porto Alegre, em novembro do ano anterior.

Hilton notificou o Ministério Público e a Defensoria do RS, a nível federal e estadual, além do MP do trabalho. Para a parlamentar, houve "prática de novos casos de discriminação racial nas instalações da empresa".

Além do caso na Bahia, a deputada cita outras situações de abuso e violência em unidades do grupo desde 2009. A parlamentar vê, no Carrefour, "fracasso em materializar as premissas" do acordo contra o racismo.

Na última sexta, um homem e uma mulher foram agredidos após um suposto furto de leite em pó. O caso ocorreu no Big Bom Preço na unidade do bairro de São Cristóvão.

As filmagens

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra uma mulher com a mochila aberta e alguns sacos de leite em pó. É possível ouvir parte da abordagem dos supostos seguranças.

Um homem pergunta por que a mulher está ali e ela responde, com a mochila aberta, "que estava precisando para a minha filha". Depois, o mesmo homem dá tapas no rosto da mulher.

Em outro momento, o homem que também está sendo abordado diz que não é ladrão. Os agressores também começam a interrogar o rapaz e dão um tapa na cabeça dele.

Não se sabe a identidade dos agressores, nem das vítimas, assim como o que teria ocorrido após a gravação.

O que diz o Carrefour?


A rede de supermercados diz que fez um boletim online na 12ª Delegacia de Itapuã. A rede afirma ter registrado denúncia de agressão e lesão corporal e deixado à disposição das autoridades as imagens das câmeras de segurança.

Em nota, o grupo Carrefour diz que nenhum funcionário direto ou indireto da loja tem uma tatuagem na mão, que aparece em um dos agressores. "Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências", afirmaram.

A equipe de prevenção e liderança da loja foi demitida, e o contrato com a empresa responsável pela área de segurança externa foi rescindido, continua o grupo.

É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime, com o qual não compactuamos. Estamos buscando contato com [nome dos agredidos] para nos desculparmos pessoalmente, além de oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário."
Nota do grupo Carrefour

Histórico de violência em mercados da rede

Não é a primeira vez que um estabelecimento parte do grupo Carrefour é acusado de casos de agressão ou atos racistas.

Mais recentemente, uma mulher tirou a roupa em um mercado em Curitiba após afirmar que um segurança a perseguiu dentro da loja. "Sou uma ameaça?", escreveu no corpo.

Em 19 de novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi morto no estacionamento de um supermercado Carrefour em Porto Alegre na véspera do Dia da Consciência Negra. Ele foi sufocado e espancado por um segurança e um policial militar temporário.