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Em áudio, aliados de Bolsonaro tramam usar 1,5 mil militares em golpe

Elcio Franco e Ailton Barros - Reprodução
Elcio Franco e Ailton Barros Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

08/05/2023 16h49Atualizada em 08/05/2023 21h19

O ex-major do Exército Ailton Barros e o coronel Elcio Franco debateram possibilidades para um golpe de Estado, incluindo a mobilização de 1.500 militares. As conversas foram obtidas pela CNN Brasil e confirmadas pelo UOL.

O que aconteceu?

As mensagens integram o inquérito da Polícia Federal contra o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Na semana passada, outros áudios revelavam conversas de Ailton e Cid.

As novas mensagens incluem um funcionário de confiança do governo Bolsonaro, o ex-número 2 do Ministério da Saúde e ex-assessor da Casa Civil, Elcio Franco. Ele também esteve envolvido no atraso para compra de vacinas, caso investigado pela CPI da Covid no Senado.

O ex-major e amigo de Bolsonaro sugeriu, entre outras coisas, mobilizar 1.500 militares: "[É preciso convencer] o general Pimentel. Esse alto comando de m.... que não quer fazer as p....., é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens", disse Ailton.

O coronel Élcio Franco falou sobre o temor do então comandante do Exército de ser responsabilizado por uma eventual tentativa de golpe: "Olha, eu entendo o seguinte. É Virgílio. Essa enrolação vai continuar acontecendo. O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o quê? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?"

Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele tá sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer, que não deveria faze e pronto. Vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu comandante, da Força, tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então sinceramente, é dessa forma que tem que ser visto"
Élcio Franco

O UOL procurou o coronel Élcio Franco e Ailton Barros para comentar os áudios, mas não conseguiu localizá-lo. O texto será atualizado se houver manifestação.

Quem são Elcio Franco e Ailton Barros

Número 2 da Saúde. Franco foi exonerado do Ministério da Saúde quando o ministro Marcelo Queiroga assumiu a pasta. Ele esteve na pasta de julho de 2020 até março de 2021, quando o general Eduardo Pazuello comandava a Saúde.

Franco esteve à frente de algumas das principais ações do ministério no combate à pandemia, incluindo as negociações para a compra de vacinas.

Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército, disse saber quem era o mandante da morte da vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.

Apresentando-se como "01 do Bolsonaro" na campanha eleitoral, Barros foi preso durante a Operação Venire, que investiga dados falsos sobre a vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Barros é advogado e tem 61 anos, de acordo com dados do TSE, além de ser major reformado.

Operação da PF prendeu ex-ajudante e mais 5

Polícia Federal prendeu os militares ontem em operação que investiga um esquema de fraude em comprovantes de vacinação contra covid-19.

Além de Mauro Cid e Ailton Barros, mais quatro também foram presos: o sargento Luís Marcos dos Reis, os ex-assessores de Bolsonaro Max Guilherme Machado do Santos e Sérgio Rocha Cordeiro, e o secretário de Saúde de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.