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'01 do Bolsonaro': quem é o advogado que diz saber quem matou Marielle

Do UOL, em São Paulo

04/05/2023 08h56Atualizada em 04/05/2023 13h53

Ailton Gonçalves Moraes Barros, major reformado do Exército, disse saber quem era o mandante da morte da vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018. Apresentando-se como "01 do Bolsonaro" na campanha eleitoral, Barros foi preso na manhã de ontem durante a Operação Venire, que investiga dados falsos sobre a vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Quem é Ailton?

Nascido em Alegrete (RS), mudou-se para o Rio de Janeiro ainda na infância devido ao trabalho do pai, que era cabo do exército, segundo ele;

Barros é advogado e tem 61 anos, de acordo com dados do TSE, além de major reformado.

"Militar e civil". Em suas redes sociais, se apresenta como oficial da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), paraquedista militar e civil.

Barros também é defensor da pena de morte. Em um vídeo publicado em seu canal do YouTube, afirma que é "partidário que nos crimes hediondos contra criança deve haver pena de morte".

A primeira tentativa de ingressar na política ocorreu em 2006, como deputado federal do Rio de Janeiro pelo PFL (Partido da Frente Liberal). O PFL mais tarde se tornou o DEM (Democratas), que se fundiu com o PSL (Partido Social Liberal) para formar o União.

Suspeita de envolvimento com tráfico. Naquele ano, ele teve o seu nome envolvido em uma polêmica quando era capitão. Segundo a Folha de S.Paulo, ele estaria envolvido em um suposto acordo entre o Exército e traficantes no Rio de Janeiro para a recuperação de armas oficiais que haviam sido roubadas.

Barros foi considerado incapaz de permanecer no Exército. Segundo uma ação no STM (Superior Tribunal Militar), ele foi denunciado pelo Ministério Público militar pela prática de violência contra militares. Além disso, consta no documento que ele dirigiu em velocidade acima e jogou o automóvel contra outro militar do Exército.

O documento ainda diz que o comportamento de Barros não condizia com a ética militar, citando ações como desacato, dar entrevista a programas de televisão sem autorização e distribuindo panfletos da candidatura a deputado estadual trajando uniforme militar.

Barros tentou novamente ingressar na política em 2020, quando se candidatou a vereador pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro). Ele não foi eleito.

Em 2022, foi candidato pelo PL a deputado estadual pelo Rio de Janeiro e acabou eleito suplente. Durante a campanha, ele dizia nas redes sociais ser "o verdadeiro 01 do presidente Jair Bolsonaro no estado do RJ".

O que ele diz sobre a morte de Marielle?

Barros enviou mensagens ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, dizendo que sabia quem era o mandante da morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.

"Eu sei dessa história da Marielle, toda irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí", mensagem de Barros enviada em 30 de novembro de 2021.

O UOL apurou que a PF tenta interrogar Barros sobre o assunto. A reportagem não conseguiu contato com sua defesa até o momento.