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Após desentendimentos, Alckmin vai a feira do MST para diminuir tensão

O vice-presidente Geraldo Alckmin em visita à Feira da Reforma Agrária, do MST - Divulgação
O vice-presidente Geraldo Alckmin em visita à Feira da Reforma Agrária, do MST Imagem: Divulgação

Do UOL, em Brasília

13/05/2023 16h36

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, foram hoje à Feira da Reforma Agrária, promovida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em São Paulo. Tentam colocar panos quentes na relação estremecida entre o governo Lula e o movimento.

O que aconteceu?

Alckmin e Teixeira chegaram à feira em São Paulo pela manhã. Segundo o UOL apurou, a decisão foi tomada de última hora (não estava prevista na agenda do vice-presidente) como um gesto do governo Lula (PT) em busca de reaproximação com o MST.

Os dois estavam acompanhados de João Pedro Stedile, dirigente histórico do MST. Stedile tem feito coro às críticas do movimento ao governo.

Em pouco mais de 1 hora, Alckmin e Teixeira conversaram, tiraram fotos com agricultores e participaram de uma reunião fechada.

À imprensa, Alckmin negou que as relações com o MST estejam estremecidas e desconversou sobre sua presença no evento, dizendo que sempre comparecia quando governava São Paulo. O vice-presidente é conhecido como o principal "apagador de incêndios" do governo Lula.

Em um aceno prático, Teixeira anunciou um plano emergencial para retomar assentamentos agrários ainda em maio. Segundo o ministro, "[os assentamentos] serão em áreas que o Incra (Instituto Nacional de Reforma Agrária) já possui".

Teixeira disse também que as tensões sobre ocupações do MST realizadas no começo do ano "foram superadas".

Pedimos que os grupos se retirassem das terras da Embrapa e da Suzano e eles se retiraram."
Paulo Teixeira, sobre ocupações

Choque entre MST e governo Lula

Apoiador histórico de Lula, o MST tem entrado em choque com o novo governo. Reclama que as lideranças do movimento são pouco ouvidas pela gestão.

O Planalto não acha que o MST vai se virar contra Lula, mas o tom das críticas do movimento tem acendido o alerta, segundo interlocutores do governo.

No começo do ano, o MST fez novas ocupações de fazendas. Em fevereiro, ocupou fazendas da Suzano no sul da Bahia, dizendo que não houve cumprimento de acordos.No mês passado, promoveu o Abril Vermelho, com ocupação de propriedades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da Suzano, no Espírito Santo.

A oposição no Congresso, puxada pela bancada ruralista, emplacou uma CPI na Câmara para investigar as ações do MST.

O governo tem buscado o caminho do diálogo, reunindo Executivo, MST e iniciativa privada.

Mas o clima voltou a esquentar na última quinta (11), quando o MST da Bahia acusou o ministro-chefe da Casa Civil de barrar membros do movimento em um evento com Lula. Rui negou, mas ficou o clima de insatisfação.

O que nós criticamos e voltamos a criticar? Que o governo está muito lento. Já perdeu muito tempo. Em cem dias, já deveria ter adotado um programa de emergência de combate à fome, com a compra de alimentos. E apenas agora estão anunciando recursos para isso."
João Pedro Stedile, do MST, em crítica ao governo

O ministro [Rui Costa] quer repetir no governo federal o trato que ele sempre deu aos movimentos sociais na Bahia enquanto governador, de falta de diálogo e participação coletiva nas construções e debates."
MST-BA, por meio de nota