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'Queiroz foi substituído por Cid', diz Pimenta sobre pagamentos de Michelle

Pimenta, sobre pagamento em dinheiro vivo: "mesmo modus operandi desde sempre" - Lucas Borges Teixeira/UOL
Pimenta, sobre pagamento em dinheiro vivo: "mesmo modus operandi desde sempre" Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Do UOL, em Brasília

13/05/2023 11h36

O ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação Social), afirmou que a suspeita de pagamentos em dinheiro vivo de despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, revelada hoje pelo UOL, tem "o mesmo modus operandi" dos casos suspeitos de rachadinha do ex-assessor Fabrício Queiroz.

O que aconteceu?

Diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), e assessoras de Michelle revelam a existência de uma orientação para o pagamento em dinheiro vivo de despesas da ex-primeira-dama.

A preocupação de Cid, preso por suspeita de fraude de cartão de vacina de Bolsonaro, era que a prática fosse caracterizada como um esquema de rachadinha, porque não havia a comprovação da origem dos recursos. As conversas foram realizadas por meio de áudios enviados por um aplicativo de diálogos.

Ao UOL, Pimenta afirmou que "Queiroz foi substituído por Cid". O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), primogênito do ex-presidente, foi pivô do caso das rachadinhas, revelado em 2020.

É o mesmo modus operandi desde sempre. Queiroz foi substituído por Cid, não tenho dúvidas e sempre afirmei isso.
Paulo Pimenta, sobre as suspeitas de Michelle

Para o ministro, "com certeza" ainda há mais descobertas a serem feitas sobre a família do ex-presidente. "Logo, logo, toda a verdade virá a tona", completou o ministro, em seu Twitter.

Gastos de Michelle pagos em dinheiro vivo

As conversas foram interceptadas pela Polícia Federal por meio da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid. O UOL teve acesso com exclusividade à transcrição desses áudios e a outros detalhes inéditos sobre a investigação.

A PF fez uma devassa nas transações financeiras de Cid e auxiliares do Palácio do Planalto e chegou a indícios da existência de um esquema de desvios de recursos públicos com o objetivo de bancar despesas de Michelle.

De acordo com o relatório de análise da PF, os diálogos revelam a existência de uma "dinâmica sobre os depósitos em dinheiro para as contas de terceiros e a orientação de não deixar registros e impossibilidades de transferências".

A investigação detectou que Michelle usava um cartão de crédito vinculado à conta de uma amiga sua, Rosimary Cardoso Cordeiro, que era assessora parlamentar no Senado. Ao realizar quebras de sigilo bancário de Mauro Cid e outros funcionários do Planalto, a PF detectou depósitos em dinheiro vivo para Rosimary com o objetivo de custear as despesas com o cartão de crédito, tentando ocultar a origem dos recursos.

Por isso, duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, conversaram entre si e com Mauro Cid manifestando preocupação sobre irregularidades no pagamento de despesas de Michelle.

Coronel, bom dia. Ontem eu conversei com a senhora Adriana para saber se ela tinha falado com a dona Michelle né. Ela falou que conversou. Explicou, falou todos os problemas, preocupações, né. (...). Mas então o resultado foi que a dona Michelle ficou pensativa. Segundo a dona Adriana, ficou pensativa, mas que vai continuar com o cartão. E ela falou que tem, tem os comprovantes assim, né? Que esse cartão já era bem antes do presidente ser eleito. Mas de qualquer maneira, a dona Adriana falou que ela ficou pensativa, né? Ontem mesmo já fizemos uma compra, mas foi em outro cartão. Então eu estou vendo que realmente tá sendo de pouco uso o da Caixa. Mas por enquanto é isso. Obrigada, tchau.
Giselle Carneiro, em áudio enviado a Mauro Cid em 25/11/2020