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Pondé: PL das Fake News é mais 'queda de braço' que combate ao crime

Do UOL, em São Paulo

15/05/2023 11h38Atualizada em 15/05/2023 11h59

O PL das Fake News, uma das apostas do governo Lula no Legislativo, parece ser mais uma "queda de braço" para avaliar o poder do Estado contra as grandes plataformas de tecnologia, na opinião do filósofo Luiz Felipe Pondé. Ele participou do UOL Entrevista hoje.

Pondé acredita que o jeito como o projeto foi articulado e apresentado para votação não representa um enfrentamento real a crimes virtuais.

Eu suspeito e tenho medo de que o grande motivo para isso tudo seja na prática uma queda de braço entre o estado brasileiro e as grandes plataformas, e se transforme, infelizmente, acabe em pressionar o pensamento público muito mais do que evitar que se cometam crimes"
Luiz Felipe Pondé

Pondé ainda argumentou que parte da população pode vir a aplicar a máxima do "para amigos, tudo; para inimigos, a lei" quando se trata de comparar uma punição a uma gigante da tecnologia, como o Google, a uma sanção imposta ao cidadão comum.

Questionado especificamente sobre ameaças a escolas que circulam nas redes sociais —e que viraram ainda mais foco do debate após os ataques em Blumenau e São Paulo este ano—, o filósofo disse não acreditar que esse tipo de discurso deixaria de circular caso a lei fosse aprovada.

As redes são responsáveis de certa forma por tudo que acontece hoje, porque estão por toda a parte. Loucos podem se manifestar nas redes, ao mesmo tempo que eu entendo que desgraçadamente, mesmo que a gente tirasse do ar as contas que deixam isso circular, muito provavelmente continuaria a haver esse tipo de discurso"

Qual é a responsabilidade das escolas na educação digital dos jovens?

Pondé também avaliou que jovens estão cada vez mais "fragilizados" com o uso excessivo de redes sociais, mas disse ter dúvidas sobre a responsabilização das escolas no processo de educação digital das crianças.

Em sua visão, há contraste entre o que um filho faz e vive dentro de casa —onde pais também estão no celular— e nas escolas, em que professores são igualmente estimulados para usarem as redes com intuito profissional e pessoal.

As escolas não conseguem dar conta do que tem que dar conta, o que acontece agora é que muitos profissionais de saúde mental e pais falam que a escola é parceira."

Além disso, para Pondé, os pais também se deixam influenciar por "modas" relacionadas a educação, saúde mental e projeção de futuro nas crianças:

Se você quiser fazer do seu filho a melhor pessoa do mundo, ele já começou mal na partida. Projetar sobre a criança uma intenção geopolítica global de construção total do mundo, acho que essa criança já largou mal na sua vida."