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Com Lula, paraguaio eleito debate Itaipu e relacionamento com Venezuela

16.mai.23 - O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, fala com a imprensa após encontro com o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto - Lucas Borges Teixeira/UOL
16.mai.23 - O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, fala com a imprensa após encontro com o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Do UOL, em Brasília

16/05/2023 13h57

O presidente Lula (PT) e o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, debateram hoje a revisão do contrato da hidrelétrica Itaipu Binacional e a restabelecimento das relações com a Venezuela.

O que aconteceu?

Peña, ex-ministro da Economia e candidato governista do partido Colorado, almoçou com Lula no Palácio do Planalto. É a primeira viagem internacional desde que foi eleito, em 30 de abril. Na sequência, deverá visitar Argentina e Uruguai.

Segundo Penã, os dois debateram o futuro das relações entre os vizinhos, em especial o acordo de Itaipu. O acordo de Itaipu, assinado em abril de 1973, previa que, depois de 50 anos, suas cláusulas devem ser revistas.

A parte que mais interessa às duas partes é o chamado "anexo C", que prevê a venda do excedente energético a preço de custo ao Brasil. Ele não disse, no entanto, o que seu governo deverá pleitear.

Tem de revisar [o acordo], isso está definido no anexo C, que são as condições financeiras. Mas nada impede que possamos discutir todo o tratado, o anexo A, o anexo B, o tratado em si. Não estamos somente limitados a rever a situação financeira, se o que temos que definir é qual papel vai cumprir este grande empreendimento binacional."
Santiago Peña, presidente eleito do Paraguai, após reunião com Lula

Os dois também debateram a reintegração da Venezuela. Como Lula com o Brasil, o restabelecimento das relações diplomáticas entre Paraguai e o país de Nicolás Maduro foi uma promessa de campanha de Peña.

Revisão do acordo de Itaipu

Peña assume em agosto, mês em que a revisão do tratado será oficialmente debatida. Na conversa, ele argumentou a Lula que a hidrelétrica pode ser uma fonte "além de energia, de desenvolvimento".

Para a imprensa, o paraguaio disse que o principal objetivo da sua gestão é diminuir o desemprego no país, com geração de 500 mil postos em cinco anos —e a binacional pode ser grande fonte para isso.

Há 50 anos, o que tivemos do tratado foi: construir e pagar. 50 anos depois, cumpriu-se esse objetivo: construiu e se pagou. Agora, a pergunta é: o que nós queremos para os próximos 50 anos? A proposta do Paraguai é que Itaipu seja uma fonte de desenvolvimento nesse processo de integração, que permita desenvolver e gerar oportunidades de emprego para paraguaios e brasileiros."
Santiago Peña, presidente eleito do Paraguai, após reunião com Lula

Relacionamento com Venezuela

Peña também prometeu restabelecer as relações do país com a Venezuela, como fez Lula. Ele disse que já conversou com Maduro por telefone após a eleição, mas disse não ter debatido o retorno ao Mercosul.

Historicamente, sempre tivemos uma relação com o povo da Venezuela. E isso não impede que tenhamos uma posição crítica diante da ausência do respeito aos direitos humanos e da realização de eleições. Nesse sentido, não colocamos condições para restabelecer [relações]. Vamos restabelecer."
Peña, sobre Venezuela

Lula iniciou o processo de reintegração entre os dois já na primeira quinzena de governo, em janeiro, com a reabertura da embaixada em Caracas. Maduro é aliado histórico do petista e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Segundo Peña, os dois não trataram da integração do país de Maduro ao Mercosul, que o Brasil é hoje a favor. A Venezuela foi suspensa em 2016, em meio a acusações de desrespeito ao bloco econômico, já na gestão de Michel Temer (MDB).

Hoje, o bloco é composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O Chile é membro associado.