Bolsonaro descarta possibilidade de ser preso e diz ter 'carinho' por Cid
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou sobre a possibilidade de ser preso e diz que não vai fazer acusações contra o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid. As declarações foram dadas em entrevista à Veja.
'Querem me carimbar com a pecha de ex-presidiário'
Bolsonaro diz que não há motivos que justifiquem sua prisão.
Eu precisaria ter feito pelo menos 10% do que ele [Lula] fez. E eu fiz 0%. Algumas pessoas importantes já diziam antes de acabar o governo que querem me prender. Uma prisão light, apenas para me carimbar com a pecha de ex-presidiário.
O pessoal está vindo para cima de mim com lupa. Eu esperava perseguição, mas não dessa maneira.
Relação com Mauro Cid
Bolsonaro também comentou sobre a operação da PF, que investiga fraude em carteiras de vacinação contra covid-19. Ele se isentou de responsabilidade e diz que não tem motivos para desconfiar de Mauro Cid, preso por indícios de que acionou intermediários para obter os certificados falsos.
Nunca tive nenhum motivo para desconfiar dele, e não quero acusá-lo de nada. Eu tenho um carinho muito especial por ele. É filho de um general da minha turma, considero um filho.
Ao que tudo indica, alguém fez besteira. Não estou batendo o martelo. Da minha parte não tem problema nenhum. Eu não precisava de vacina para entrar nos EUA. A minha filha também não precisava de nada.
A PF apura se Bolsonaro participou de esquema para fraudar seu certificado de vacina contra covid. Mauro Cid, considerado homem de confiança do ex-presidente, foi preso dia 3.
Ailton Barros 'é um coitado'
Bolsonaro tentou se distanciar do ex-major Ailton Barros. Em mensagens de teor golpista, Barros falou sobre possibilidades para um golpe de Estado, incluindo a mobilização de 1.500 militares.
Se você conversar com ele, em trinta segundos já não quer mais conversa. Ele mandou um áudio para alguém dizendo que mobilizaria 1.500 homens para um golpe, coisa assim. O Ailton não mobiliza meia dúzia de jogadores de dominó. É um coitado.
Ailton Barros também foi preso na operação que investiga fraude nos cartões de vacina. Em áudios encontrados pela PF, Barros fala sobre planos de golpe de Estado com Mauro Cid e Elcio Franco.
8 de janeiro: 'Marginais fizeram aquilo'
Segundo o ex-presidente, marginais usaram da boa-fé de bolsonaristas para invadir os prédios dos Três Poderes.
Marginais fizeram aquilo. Usaram da boa-fé do nosso pessoal, que nunca virou uma lata de lixo, quebrou uma vidraça ou ateou fogo em nada.
Foi uma coisa infeliz o que aconteceu, só prejudicou a direita, a mim e deu um fôlego à esquerda. Muitos inocentes presos, lamentavelmente. Nada justifica entrar e quebrar patrimônio.
Uma reportagem do UOL mostra como foi o planejamento de bolsonaristas e o uso de códigos para despistar as autoridades. Bolsonaro está incluído no rol de investigados pelo STF em apurações sobre os atos golpistas.
Joias da Arábia
Bolsonaro voltou a dizer que não sabia da existência das joias enviadas como presente de representantes do governo da Arábia Saudita. Dos três estojos, um foi retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
O Bento [ex-ministro de Minas e Energia] esteve em um evento no mundo árabe, recebeu dois kits de presente e ficou por catorze meses com um conjunto. O outro, feminino, ficou retido. Só fiquei sabendo disso no final de novembro, começo de dezembro.
Quando soube, paguei missão, deve ter sido para o Cid: "Vê se pode recuperar". Depois vimos que tinha um ofício do MME buscando recuperar na Receita, então não foi nada no grito. Tem ofício, e-mail, tudo. Entrou também o meu chefe da Receita, eu conversei com ele perguntando se era possível recuperar. Daí tentaram, talvez tenha havido excesso de iniciativa, resolver o negócio lá. Aí deu a confusão. Não teve nada na moita.
A PF investiga se Bolsonaro atuou para ficar com joias dadas pelo governo da Arábia Saudita. A suspeita é de peculato. Após determinação do TCU, Bolsonaro devolveu dois estojos de joias. O 3º foi retido pela Receita Federal no aeroporto.
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