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Lula minimiza crise após derrota no Congresso e diz que 'jogo começou'

Do UOL, em São Paulo

25/05/2023 18h56Atualizada em 26/05/2023 07h31

Um dia após uma comissão mista do Congresso aprovar uma MP (medida provisória) que retira poder da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o presidente Lula (PT) classificou o embate entre governo e parlamentares como "normal" e minimizou a crise política.

Agora começou o jogo. Vamos jogar, conversar com o Congresso e vamos fazer governança daquilo que a gente precisa fazer."
Presidente Lula, durante evento na Fiesp

O que aconteceu

Lula disse que a intervenção do Congresso é "normal". Uma comissão formada por senadores e deputados que analisa a MP da reorganização dos ministérios aprovou ontem mudanças que fortalecem o centrão e desidratam a política ambiental do governo, com aval do Planalto.

Marina e Guajajara perderam poder. Competências de órgãos que estão sob o guarda-chuva das pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, chefiada por Sonia Guajajara, serão transferidas para outros ministérios.

Lula criticou a imprensa ao falar sobre o tema, dizendo que viu uma cobertura "parecendo que o mundo acabou". As declarações foram dadas em evento de encerramento do seminário Dia da Indústria promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista.

O presidente convocou uma reunião com Marina e Guajajara amanhã. Dentre as pautas, está o debate sobre a MP da reestruturação dos ministérios — a informação foi confirmada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom).

O que mais Lula disse?

Fui trabalhar hoje, peguei a imprensa que minha assessoria me dá. A impressão que tive é que o mundo tinha acabado. 'Lula foi derrotado pelo Congresso'. 'Acaba-se o ministério disso, acaba-se o ministério daquilo'. Eu fui ler, e o que estava acontecendo era a coisa mais normal.

Até então, a gente estava mandando a visão de governo que nós queríamos. A comissão no Congresso resolveu mexer, coisa que é quase impossível de mexer na estrutura de governo.

O que não pode é a gente se assustar com a política. Toda vez que a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior. Nós já tivemos lições. E é importante a gente lembrar: por pior que seja a política, é nela e com ela que tem soluções dos bons, dos grandes e dos pequenos problemas do país."
Presidente Lula, durante evento na Fiesp

Marina e Guajajara cobraram Lula

As duas ministras criticaram a ação do Congresso. Marina chamou de "desserviço à sociedade" e Guajajara disse estar "frustrada" com Lula.

O Congresso impôs uma série de derrotas a Marina. O estopim da crise envolvendo a ministra foi a disputa entre Ibama e Petrobras devido ao plano de exploração de petróleo na foz do Amazonas. O órgão ambiental negou autorização para que a estatal explore o local, considerado com grande potencial para descobertas importantes de petróleo.

Hoje, a ministra do Meio Ambiente agradeceu o petista e fez sinal de L com os dedos.

Entenda a proposta de mudanças ministeriais

A Medida Provisória 1154 foi aprovada na comissão que trata a medida provisória por 15 votos a 3. Agora, o tema deverá ser apreciado na Câmara e no Senado até o dia 1º de junho.

O relator da medida, deputado Isnaldo Bulhões, do MDB-AL (aliado do governo), propôs que a demarcação de terras fique a cargo do Ministério da Justiça. Pelo texto, o ministério vai ficar responsável apenas pela defesa, usufruto exclusivo e gestão das terras e dos territórios.

O texto também prevê modificações nas atribuições do Ministério do Meio Ambiente, retirando de sua responsabilidade a gestão do Cadastro Ambiental Rural, um registro público obrigatório para todos os imóveis rurais. A competência vai para o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

A pasta também perderá, segundo a MP, o controle sobre a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), que ficará sob comando do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.