Heleno diz que nunca viu minuta de Torres e termo golpe foi vulgarizado
O general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Jair Bolsonaro (PL), disse que nunca viu a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres e que a palavra golpe está sendo empregada com vulgaridade.
O que aconteceu?
Seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) ocorreu na manhã de hoje na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) sobre os atos golpistas do 8 de janeiro, quando as sedes dos três Poderes foram invadidas e depredadas.
Augusto Heleno afirmou nunca ter visto a minuta encontrada na casa de Anderson Torres. "Jamais vi essa minuta nem tratei com Bolsonaro sobre o assunto."
Ao realizar busca e apreensão na casa do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres, a Polícia Federal encontrou uma proposta de decreto para que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) instaurasse um estado de defesa na sede do TSE.
O general ressaltou que o documento era apócrifo. Também disse que "gostava" de Anderson Torres, que também foi ex-ministro do governo Bolsonaro.
Ele negou a sua articulação no golpe e disse discordar do tratamento que dão a essa situação. Para ele, a palavra "golpe" é um exagero. "O termo golpe está sendo empregado com muita vulgaridade e não é uma coisa simples. Precisa de líder e planejamento."
Um golpe, para ter sucesso, precisa ter líderes, um líder principal, que esteja disposto a assumir esse papel. Não é uma atitude simples, considerando o tamanho do Brasil. Esse termo 'golpe' está sendo usado com extrema vulgaridade, e não é simples avaliar que uma manifestação possa caracterizar um golpe.
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
Ele isentou o seu sucessor, Gonçalves Dias, no GSI e afirmou que "levou tempo para conhecer" as atribuições. Mas não quis comentar sobre a presença do general no dia da invasão nem sobre as imagens que mostram a atuação calma de Dias no local.
Ele também disse que estava "fora de cogitação" qualquer tentativa de golpe. "Bolsonaro acatou o resultado após as eleições e eu também."
Eu achei lamentáveis [os atos dos dias 8/1 e 12/12], inadmissíveis. Lógico que foi muito ruim para a imagem do Brasil. Insisto que querer caracterizar atos isolados, sem chefes definidos... Por isso a CPI está tentando descobrir quem foi financiador. Acho isso altamente válido. Agora não pode vir com uma narrativa pronta e querer tentar empurrar essa narrativa goela abaixo.
Augusto Heleno, ex-GSI
Heleno negou ter conhecimento mais profundo sobre os acampamentos golpistas a frente dos quartéis-generais do Exército. "Eu conhecia o acampamento de fotografia. Nunca estive lá. Acredito que era um local sadio, onde se faziam muitas orações, mas não sei como era a organização."
O ex-ministro-chefe do GSI havia sido convidado para depor na CPI em março e pediu para antecipar a oitiva porque estaria viajando no dia marcado. Um dia antes do depoimento, ele alegou que foi orientado a não depor por apoiadores. A solicitação passou a ser convocação, quando ele é obrigado a comparecer.
Novos convocados
No início da sessão, foram aprovados os requerimentos para novas convocações, dentre elas a do coronel Jorge Eduardo Naime, que precisará prestar novos esclarecimentos devido a contradições entre sua fala e o depoimento do general Gustavo Henrique.
O coronel Major Flávio Silvestre de Alencar e Victor de Alencar Alves, diretor de Departamento da Polícia especializada da Polícia Civil, também foram chamados.
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