Ministro do GSI minimiza politização no Exército e ideia de poder moderador
O general Marcos Antônio Amaro dos Santos, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), afirmou que o envolvimento de militares na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não "politizou a instituição" e negou que as Forças Armadas sejam o "poder moderador".
O que disse o ministro?
Em entrevista exclusiva ao UOL, o general chamou de exceção os militares que se envolveram nos atos golpistas e minimizou a participação das Forças Armadas no antigo governo.
Amaro argumentou que a escolha dos ministros, militares ou não, é uma "prerrogativa do presidente" e que não há empecilho para a corporação. Ele é o único ministro militar do governo Lula (PT).
Eu acho que deve se buscar, de qualquer forma, em todas as situações, essa institucionalidade [das Forças Armadas], que nós sempre prezamos. Posso assegurar, também, que não houve essa politização da instituição, acho que algumas pessoas podem ter sido atraídas por essa questão [politização sob Bolsonaro], mas a instituição Forças Armadas estão preservadas."
General Marcos Amaro, ao UOL
Reforçando que, como militar da reserva e atual ministro, não fala pelo Exército, Amaro disse que a interpretação de que as Forças são "poder moderador" é "extremamente equivocada". Este é um argumento usado com frequência por bolsonaristas, com base no Artigo 142 da Constituição Federal.
Prisão de militares é assunto do Exército
Questionado sobre a prisão de militares e o desgaste para as Forças Armadas, Amaro afirmou que não poderia responder pela instituição, mas pregou institucionalidade. Na semana passada, o tenente-coronel Mauro Cid, braço-direito de Bolsonaro, foi preso por suposta participação em fraude.
O ministro da Defesa [José Múcio] responde pelas Forças Armadas. O comandante do Exército [Tomás Paiva] responde pelo Exército. O que eu posso dizer é que, a meu ver, a preocupação que nós [militares] temos de ter é sempre com institucionalidade, o papel institucional das Forças Armadas."
General Marcos Amaro, ao UOL
O general rejeitou, no entanto, o papel de "poder moderador" por parte da corporação. Por isso, ele avalia que não há por que mudar o Artigo 142 da Constituição, que rege as Forças Armadas.
A reforma do artigo em si não parece ser necessária, exatamente por que essa interpretação [de poder moderador] é completamente equivocada. Então, não é por causa dessa interpretação equivocada que vá condenar o Artigo 142. Pode haver outras razões, o Congresso tem de estudar."
General Marcos Amaro, ao UOL
Amaro disse ainda que "não há nenhuma razão para descrer no funcionamento das urnas eletrônicas", outro argumento golpista usado na gestão Bolsonaro.
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