'Tem que conversar com quem não gosta da gente', diz Lula sobre Congresso
O presidente Lula (PT) afirmou que é necessário "conversar com quem não gosta da gente" ao comentar as tensões no Congresso Nacional nesta semana. A MP dos Ministérios, sobre a estrutura do governo, foi aprovada no limite do tempo.
O que aconteceu
Lula disse que governo correu risco e pediu o reconhecimento do "esforço para governar". "Ontem, a gente corria o risco de não ter aprovado o sistema de organização do governo que fizemos, e daí você não tem que procurar amigo, você tem que conversar com quem não gosta da gente, com quem não votou na gente."
Mesmo assim, afirmou estar "mais otimista" do que no primeiro mandato (2003-2006). "É um esforço, mas eu posso dizer que, aos 77 anos, eu estou mais otimista do que eu estava no primeiro mandato."
O presidente participou da inauguração de um novo prédio na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista — seu reduto eleitoral, onde foi sindicalista. A UFABC foi criada no primeiro mandato de Lula.
Antes do evento, no auditório, estudantes ergueram cartazes pedindo isonomia entre os servidores do Executivo, a revogação do Novo Ensino Médio e a "saída" do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Também protestaram contra o arcabouço fiscal, proposta de uma nova regra fiscal para equilibrar as contas públicas.
A esquerda toda tem no máximo 136 votos, isso se ninguém faltar. Para votar uma coisa simples precisamos de 257. Para aprovar uma emenda constitucional, é maior ainda. Então é importante que saibam o esforço para governar. Não é so ganhar uma eleição, você ganha a eleição e depois você tem que ficar o tempo inteiro conversando para aprovar uma coisa.
Lula
Articulação para a MP dos Ministérios
A articulação política do governo federal foi abertamente criticada por Lira, que negociou até o último momento diretamente com Lula para a aprovação das MPs dos Ministérios, do Bolsa Família, entre outras.
O plenário do Senado Federal aprovou o texto com 51 votos favoráveis e 19 contra horas antes de a MP caducar.
A votação anterior na Câmara dos Deputados ocorreu após o governo negociar com os deputados e ceder. A gestão petista autorizou na terça-feira (30) R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares, em meio ao risco de o presidente sofrer a maior derrota no Congresso neste mandato.
O novo texto enfraqueceu as pastas Meio Ambiente e Povos Indígenas — o que é interpretado como derrota do governo. As alterações desidrataram a atuação de Marina Silva e Sônia Guajajara em suas respectivas pastas.
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