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MP abre investigação criminal para apurar desvios em folha secreta da Uerj

Movimentação na entrada do campus principal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no Maracanã, zona norte do Rio - Igor Mello/ UOL
Movimentação na entrada do campus principal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no Maracanã, zona norte do Rio Imagem: Igor Mello/ UOL

Do UOL, no Rio

02/06/2023 20h39

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) abriu hoje (2) uma investigação criminal para apurar suspeita de desvios de dinheiro público em folhas de pagamento secretas da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). A apuração tem como base uma série de reportagens que o UOL vem publicando desde agosto de 2022.

O que o MP irá investigar?

O MP irá apurar a existência de práticas de corrupção e lavagem de dinheiro em contratações feitas em projetos de pesquisa na Uerj com dinheiro de órgãos do governo Cláudio Castro (PL) às vésperas e durante as eleições de 2022.

A 2ª Promotoria de Investigação Penal recebeu da reitoria da Uerj uma série de documentos sobre os projetos com descentralização de recursos do governo do estado, que são realizados sem transparência nas contratações.

Com base nas folhas de pagamento, o MP irá checar o volume de recursos movimentado nos programas, se os serviços foram efetivamente prestados pelas pessoas contratadas, se as contratações seguiram critérios técnicos e se a Uerj adotou medidas de controle interno para evitar fraudes.

Em 29 de março, o MP já havia pedido medidas cautelares contra 15 pessoas suspeitas de desviarem R$ 1.378.980,94 das folhas secretas da Uerj. O caso ainda não foi avaliado pela Justiça. As identidades delas não foram divulgadas.

Segundo o MP, as medidas cautelares têm como objetivo investigar "a atuação de servidor da universidade que se valeu do cargo e do poder de gerir recursos da instituição, para promover uma ação coordenada entre parentes e amigos para desviar dinheiro público, causando enorme prejuízo ao erário"

Entre as providências pedidas pelo MP, estão o afastamento de função pública de envolvidos e indisponibilidade de bens.

Em 15 de maio, o UOL revelou que o procurador Bruno Garcia Redondo e mais 18 pessoas ligadas a ele —incluindo sua mulher, sua sogra, seu cunhado e ex-sócios— foram contratadas em projetos da Uerj, tendo recebido bolsas que somam R$ 5 milhões, em valores brutos.

Em parte do período em que parentes, amigos e até seu ex-personal trainer estiveram contratados, Redondo ocupou o cargo de chefe de gabinete da reitoria da Uerj.

O que o UOL já revelou?

A abertura da investigação criminal ocorre no mesmo dia em que o UOL revelou a contratação do coordenador de campanha do ex-reitor Ricardo Lodi (PT), Samuel Marques do Santos, em um projeto na área de educação.

A mulher e até mesmo a sogra de Samuel —que é estoquista de supermercado— também foram contratadas. Juntos, os três receberam R$ 433 mil.

O UOL já mostrou que existem indícios da contratação de funcionários fantasmas que atuaram como cabos eleitorais de candidatos de diversos partidos nas folhas secretas da Uerj.

Também revelou um esquema de rachadinha com o uso de pagamentos por pix e boleto bancário para empresas.

O que a Uerj tem dito sobre as denúncias?

A reitoria da Uerj tem sustentado que os contratados passaram por processo seletivo, com análise de currículos ou entrevistas.

A universidade criou uma comissão para investigar as irregularidades denunciadas pelo UOL. O relatório final diz não ser possível saber se fantasmas foram contratados como bolsistas nos projetos.

A Uerj tem negado a existência de apadrinhamento político nas contratações.

O ex-reitor Ricardo Lodi nega relação com a contratação de pessoas ligadas à sua campanha eleitoral a deputado federal em 2022.