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Reunião de Lula tem pedido de afagos ao Congresso, bronca e crítica a juros

O presidente Lula (PT) promove a terceira reunião ministerial no Palácio do Planalto - Ricardo Stuckert
O presidente Lula (PT) promove a terceira reunião ministerial no Palácio do Planalto Imagem: Ricardo Stuckert

Do UOL, em Brasília

15/06/2023 18h50Atualizada em 15/06/2023 19h46

A reunião ministerial do presidente Lula (PT) hoje teve pedidos de melhoria na relação com o Congresso e por maior integração na comunicação. O encontro também teve reclamações sobre o Banco Central e a atual taxa de juros.

Foco da área econômica

Críticas à insistência do Banco Central em manter a taxa de juros em 13,75% foi abordada por todos os ministros da área econômica do governo.

Em sua fala, Fernando Haddad (Fazenda) disse que a manutenção do juros é uma "alienação do BC" e disse que o Poder Judiciário tem ajudado mais o Executivo do que o órgão. Ele foi interrompido por Renan Filho (Transportes), que brincou que a alta da Selic está tão escancarada que, agora, "até Haddad e Simone Tebet [Planejamento] falam mal da taxa".

De forma unânime, [os varejistas] vieram [ontem] reiterar um pedido ao presidente para a queda da taxa de juros, para reabilitar o crédito no Brasil. Foi esse o ambiente que predominou a reunião."
Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil

Lula, que é um crítico frequente da taxa de juros, aproveitou o encontro para exaltar o programa de redução do preços de automóveis. "Esse programa foi um sucesso", disse ele a Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e responsável pela iniciativa. O presidente chegou a dizer que poderia até mesmo avaliar a prorrogação do programa, mas foi uma "brincadeira", segundo Rui Costa.

Como foi a reunião?

Iniciada às 10h20, a reunião durou nove horas. Participaram 36 ministros, lideranças do governo no Congresso e presidentes de bancos públicos. Cada um falou cerca de dez minutos.

Foram expostos os trabalhos das respectivas pastas neste primeiro semestre e o que está planejado para o restante do ano.

Lula fez uma breve fala inicial, em que pediu mais integração dos ministérios com a Secom (Secretaria de Comunicação Social).

Marina Silva (Meio Ambiente) faltou por questões de saúde e foi representada pelo secretário-executivo. Ela passou a tarde no InCor, em São Paulo, fazendo exames após ser internada com "fortes dores na coluna" na última segunda (12).

Esta foi a terceira reunião ministerial geral do governo. Segundo Lula, a próxima ocorrerá só ocorrerá em dezembro, para fazer um balanço do primeiro ano —o que, em parte, justificou a demora e o cancelamento das agendas por parte dos presentes.

Após a reunião, Costa destacou alguns pontos do encontro:

  • Infraestrutura: novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) --que deve chamar "PAC 3", segundo Lula --para julho.
  • Educação: plano de levar banda larga para 100% das escolas públicas até o final do mandato
  • Economia: manter a busca por queda da inflação, do desemprego, do preço dos combustíveis, em busca da diminuição da taxa de juros.

De olho no Congresso

A relação do governo com o Congresso, que tem enfrentado dificuldades em votações importantes, foi um dos principais temas do encontro.

Na abertura, os líderes do governo na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE) e senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), expuseram o que classificaram como conquistas, mas alertaram para as dificuldades. Um dos temores do Planalto é que o projeto do arcabouço fiscal sofra mudanças no Senado e volte para a Câmara.

O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) foi o responsável por passar a mensagem dos deputados. Segundo apurou o UOL, ele destacou dois pontos aos colegas:

  • Pediu que as pastas acelerassem as indicações nos escalões menores -- algo que, segundo aliados, tem demorado e irritado o centrão. Ele destacou que sua pasta já aprovou uma lista de mais de 400 nomes e estes estão emperrados nos outros ministérios.
  • E que fossem "mais abertos" com os parlamentares. Segundo o ministro, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) têm uma imagem conciliadora que contrasta com um distanciamento dos ministros com parlamentares. Padilha pediu que os colegas evitem dar chá de cadeira em deputados e senadores e pediu que, se possível, convidem os integrantes do Congresso para viagens de inaugurações em seus estados.

A fala no presidente como a de um treinador que quer fazer com que o time jogue entresado e todo mundo atue de forma transversal. O presidente pediu que todos apoiem Padilha para azeitar essa relação com o Congresso."
Rui Costa

Melhorar a comunicação

Lula abriu o encontro passando um recado geral para os ministérios: deixar a comunicação mais eficiente. Não é segredo no Planalto que o presidente está insatisfeito com esta área e tem repetido a "bronca" que as ações e conquistas do governo não estão sendo difundidas.

Para isso, ele sugeriu que as pastas mantenham a autonomia para divulgar suas conquistas, mas que procurem também a Secom, para "profissionalizar".

Tudo o que a gente fizer, a gente quer tornar público. Daí porque vai ter uma discussão sobre a questão da relação dos ministros com a Secom. É importante que a gente saiba: a gente pode fazer divulgação das coisas que a gente faz com muito mais profissionalismo se a gente tiver o mínimo de educação de fazer as coisas coletivamente."
Lula

Paulo Pimenta (Secom) também reforçou a mensagem em sua fala. "Para que as ações do governo cheguem a mais gente no Brasil", disse, incluindo maior regionalização.

Tom de despedida

A fala de Daniela Carneiro (Turismo) teve tom de despedida. Ela falou das conquistas da pasta nos seis meses, como o UOL adiantou, e deixou uma mensagem que falava em dever cumprido.

Sua saída já é dada como certa pelo Planalto, após pedido do União Brasil, seu partido. Aos colegas, ela falou em "fazer o melhor" enquanto "há condições".