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Candidatos à PGR alfinetam Aras, evitam Lava Jato e acreditam em nomeação

19.set.2022 - O procurador-geral Augusto Aras durante a cerimônia de posse da ministra Rosa Weber na presidência do STF - Fellipe Sampaio/SCO/STF
19.set.2022 - O procurador-geral Augusto Aras durante a cerimônia de posse da ministra Rosa Weber na presidência do STF Imagem: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Do UOL, em Brasília

19/06/2023 13h23

Em debate morno, os três nomes que compõem a lista para a PGR (Procuradoria-Geral da República) alfinetaram o atual ocupante do cargo, Augusto Aras, e afirmaram que ainda acreditam na possibilidade de nomeação, mesmo após o presidente Lula (PT) negar comprometimento com a escolha. Já a Lava Jato foi evitada pelos candidatos.

Críticas a Aras

Os subprocuradores Mario Bonsaglia, Luiza Frischeisen e José Adônis Callou de Araújo Sá responderam a perguntas enviadas previamente por integrantes do MPF (Ministério Público Federal), jornalistas e membros da sociedade civil.
Eles criticaram uma suposta falta de proatividade da atual PGR em temas que vão desde ações sobre desmantelamento de políticas ambientais a omissões durante a pandemia.
José Adonis Callou de Araújo Sá afirmou que não iria fazer "críticas pessoais", mas que uma "breve passada por jornais" mostraria reportagens sobre supostas omissões da PGR.

No auge da pandemia de covid, tivemos questionamentos. Não nas instâncias inferiores, mas houve muita crítica da atuação da PGR, e possível omissão no que diz respeito ao comportamento do governo na grave crise da epidemia.
José Adonis Callou de Araújo Sá, subprocurador-geral da República

Ao falar sobre políticas ambientais, Luiza Frischeisen mencionou que a PGR poderia ter tido uma "postura mais pró-ativa".
Adonis Callou de Araújo Sá disse ainda que caberia ao procurador-geral ser um "agente de controle" ao propor ações contra atos que atentam contra o arcabouço socioambiental. "e não apenas um avaliador de pareceres" de processos apresentados por terceiros.

Candidatos evitam Lava Jato

Na única pergunta que envolveu diretamente a Lava Jato, os subprocuradores evitaram comentar, afirmando que não tinham conhecimento sobre o caso específico. A questão envolvia o suposto compartilhamento ilegal de provas entre a força-tarefa e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em um processo contra a Petrobras.
"Não tenho dados de que a Lava Jato entregou provas fora do regulamento específico e não tenho condições de afirmar que tenham utilizado provas obtidas pelo caminho ilícito", afirmou José Adonis Callou de Araújo Sá.
O subprocurador Mario Bonsaglia, por sua vez, afirmou que é importante que as investigações contra empresas públicas não afetem a própria empresa no futuro.

O que precisa ser discutido com mais profundidade, pensando com vistas ao futuro, é, ao investigar aquela empresa, como punir o seu corpo diretor sem necessariamente levar aquela empresa a uma crise ou deixar de existir --especialmente em se tratando de uma empresa pública.
Mario Bonsaglia, subprocurador-geral da República

Bonsaglia também criticou a "atuação midiática", afirmando que o Ministério Público deve evitar tratar o oferecimento de denúncia em um "ato midiático".
Durante a Lava Jato, petistas criticaram a apresentação de um PowerPoint contra Lula pela força-tarefa de Curitiba.

Esperança em nomeação

Apesar da falta de comprometimento de Lula em seguir a lista, os candidatos afirmaram no debate que não veem o caminho "fechado" para uma eventual nomeação.
Lula afirmou em março que "não pensava mais em lista tríplice", sinalizando um rompimento com uma tradição da própria gestão petista.
"Critério será pessoal, de muita meditação, vou conversar com muita gente", disse o presidente.
Para o subprocurador Mário Bonsaglia, a fala do presidente sinaliza que o caminho "não está fechado" e que Lula deve avaliar, entre os nomes da lista e fora dela, aquele que melhor considera apto ao cargo.
José Adonis Callou afirmou que entende a declaração do petista em razão de sua "história pessoal", mas que a escolha de um nome dentro da lista é o método adequado. "Evitamos que a escolha de PGR decorra de acordos de pouca transparência", disse.
Luiza Frischeisen apontou que a lista traz um "retrato muito mais fiel" do Ministério Público e está aberta ao debate.

Nossa carreira precisa ser administrada por uma pessoa que esteja aberta a esse diálogo.
Luiza Frischeisen, subprocuradora-geral da República