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Sakamoto: Ex-PRF inaugurou golpismo bolsonarista e agora dá desculpa tosca

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/06/2023 13h49

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto comentou no UOL News as declarações do ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, à CPMI do 8 de janeiro.

Para Sakamoto, Silvinei inaugurou o "golpismo bolsonarista" no 2º turno das eleições em 2022. Ele é investigado por pedir votos a Jair Bolsonaro (PL) e apoiar bloqueios ilegais nas rodovias durante as eleições de 2022.

Silvinei Vasques inaugurou o golpismo bolsonarista, com aqueles bloqueios para impedir eleitores de Lula (PT) de votarem no 2º turno do ano passado".

A justificativa que ele deu na CPI é risível: 'São milhares de policiais e milhões de pessoas ficariam sabendo'. [...] Ele trata os membros da CPI dessa forma como imbecis e idiotas".

Essa justificativa é tosca. O que ele está falando é o seguinte: 'Uma trama desse tamanho vazaria pelo WhatsApp'. Precisa avisar todo mundo, meio que uma coisa de desenho animado? 'Ei, pessoal, vamos fazer um plano maligno'. Imagina, desde quando golpe funciona assim?".

O que estava em jogo naquele bloqueio era o resultado das eleições. Não precisa ter uma trama totalmente exposta como Silvinei Vasques quer vender de uma forma tosca aos membros da CPI".

O que foi dito na CPI

À comissão, Silvinei disse que ação coordenada para impedir a votação seria impossível. "Temos 13 mil policiais, grande parte dos nossos policiais também eram eleitores do presidente Lula. Além disso, é um crime impossível, que não ocorreu, não tem como", disse. "Como falaríamos com 13 mil policiais explicando essa forma criminosa sem ter uma conversa de WhatsApp, Telegram, sem uma reunião, sem nenhum e-mail enviado?", questionou.

Para o ex-diretor, não haveria como articular a ação sem vazamentos. "Número grande desses policiais é de ideologia progressista, de esquerda. Será que, desse grande efetivo, nenhum participou ou viu no corredor alguma coisa? Não tem como fazer uma situação dessa, envolver policiais no Acre, Amapá, Rio Grande do Sul sem ter uma simples conversa de corredor.

Dados da PRF encaminhados à CGU (Controladoria-Geral da União) mostraram que a corporação fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste entre os dias 28 e 30 de outubro, região onde o presidente Lula venceu no primeiro turno e tinha favoritismo para o segundo. Nas demais regiões, foram 893 (Centro-Oeste), 632 (Sul), 571 (Sudeste) e 310 (Norte).

Com os bloqueios, eleitores chegaram atrasados a seus locais de votação. O TSE chegou a ampliar o horário para as pessoas votarem, além de pedir explicações à PRF.

Sakamoto: Estado controlar e reduzir número de armas em circulação ajudaria contra ataques em escola

O colunista também falou sobre o ataque em uma escola que matou dois adolescentes em Cambé (PR).

Tem uma série de ações que devem ser tomadas e já estão sendo tomadas. A existência de um botão de pânico ajuda, uma resposta rápida da Polícia Militar ajuda, a presença de professores que saibam lidar com casos como esse, de uma maneira geral, ajuda".

O avanço na regulação das redes sociais para que elas não permitam a existência de comunidades que tramem um crime como esse, ajuda. Mas isso está parado no Congresso Nacional por conta do lobby das plataformas digitais".

Ele ressaltou que, além disso, o controle do porte de armas já seria um avanço para prevenir casos como esse.

Uma das coisas que também contribui muito, e que pouco está sendo discutido, é garantir que o Estado brasileiro controle e reduza a quantidade de armas de fogo em circulação".

Precisamos atuar na redução do armamento e no controle de armas de fogo".

General Heleno prevaricou se ficou em silêncio em grupo onde tramaram golpe de Estado, diz Sakamoto

Sakamoto acredita que o general Augusto Heleno prevaricou ao estar em um grupo que tramou golpe de Estado.

Em matéria da colunista do UOL Juliana Dal Piva, foi mostrado que ele fez parte de um grupo de WhatsApp com militares da ativa e da reserva no qual foram discutidas ações golpistas, como a ideia de uma intervenção do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para impedir a posse de Lula.

Quem está na ativa, deve respeitar o juramento que fez à Constituição. Se a pessoa está tramando contra a democracia e a República, ela precisa, sim, ser punida".

Você não pode tramar um golpe de Estado. Você não pode, inclusive, ficar em silêncio em um grupo em que seja tramado um golpe de Estado, você está prevaricando. Se uma pessoa começa a falar de golpe de Estado e você não dá voz de prisão, você está prevaricando".

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