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Psicanalista critica proposta de armar professores em escolas: 'Equivocado'

Do UOL, em São Paulo

20/06/2023 12h59

O psicanalista Christian Dunker comentou o ataque ocorrido ontem em uma escola estadual em Cambé, no norte do Paraná. Ele foi o convidado de hoje do UOL Entrevista, apresentado por Fabíola Cidral e com participação dos colunistas Lúcia Helena e Leonardo Sakamoto.

Dunker criticou o discurso que defende o porte de armas por funcionários em escolas como medida para evitar casos de ataques. Para ele, o problema é estrutural e precisa de soluções amplas, como mudança no discurso sobre violência e o fortalecimento da segurança comunitária ao redor das escolas.

Parece que esse caminho seria semelhante a 'vamos dar mais veneno para aquela pessoa que já está envenenada para ver se funciona como antídoto'. Parece completamente equivocado. Quem tentou isso em outros lugares, não deu certo."

A gente passou quatro anos produzindo um ódio social contra as escolas. E em 2022 e 2023 começam a ter eventos como esse nas escolas."

É muito tentador pensar que esses eventos têm a ver com o discurso de que a violência se combate com a violência, o discurso armamentista, que elegeu o Bolsonaro, que militarizou as escolas, que produziu professores como inimigos de Estado."

Cobertura midiática

O psicanalista também falou sobre a cobertura da imprensa em casos de ataques em escolas. Segundo ele, é preciso ter cautela com o efeito contágio que esses eventos podem ter através da divulgação da identidade dos autores.

Por isso a gente insiste: não cubram assim. Pelas pesquisas, a chance de alguém se identificar com o autor nos próximos 13 dias é muito mais alta."

Transtorno mental

Dunker também comentou a alegação do autor do ataque em Cambé de que teria esquizofrenia. O psicanalista afirmou que a maneira como o transtorno mental é tratado clinicamente é mais relevante para a compreensão do caso do que a mera constatação da presença dele no autor.

Dois preconceitos que pairam sobre as doenças mentais são que elas estariam ligadas à falta de inteligência e à agressividade ou violência. Não é verdade."

Um transtorno mental não cria uma completa irresponsabilização da pessoa, que é outro preconceito."

Confira a íntegra do UOL Entrevista