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Deputada pede cassação de bolsonarista por fala racista em podcast

Gustavo Gayer (à esq.) afirmou que africanos não têm "capacidade cognitiva" para terem democracia - Reprodução e Pedro França/Agência Senado
Gustavo Gayer (à esq.) afirmou que africanos não têm "capacidade cognitiva" para terem democracia Imagem: Reprodução e Pedro França/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

28/06/2023 12h18Atualizada em 28/06/2023 20h08

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) afirmou hoje que vai pedir a cassação do colega Gustavo Gayer (PL-GO) ao Conselho de Ética da Câmara. Na semana passada, o parlamentar disse em um podcast que os africanos não têm "capacidade cognitiva" para terem democracia. A fala foi reportada ao Ministério da Justiça, Polícia Federal e demais entidades.

O que aconteceu?

"A Câmara não pode ser espaço para racista! Deveria ser preso além de perder o mandato", escreveu Duda.

Gayer esteve em podcast que comparou africanos a macacos. "Sabia que tem macaco com QI de 90? Na África, é 72", diz o apresentador Rodrigo Arantes.

Deputado afirmou que africanos não têm "capacidade cognitiva" para ter democracia e fez paralelo com eleição de Lula (PT). "A democracia não prospera na África, porque para você ter uma democracia, tem que ter um mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado", disse. "O Brasil está desse jeito, o Lula chegou na presidência e o povo burro, 'picanha, cerveja'".

Falas como as de Gayer não têm nenhum embasamento científico. Além disso, há vários países democráticos no continente africano, como África do Sul, Cabo Verde, Gana, Namíbia, e as Ilhas Maurício —estas, consideradas por índice da revista The Economist mais democráticas do que o Brasil.

Fala foi denunciada

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, disse que enviou a fala de Gayer para a análise do Ministério da Justiça, Polícia Federal, Câmara dos Deputados e Procuradoria-Geral da República.

A imunidade parlamentar não é escudo para quem pratica crimes".
Ministro Silvio Almeida

O advogado-geral da União, Jorge Messias, acionou a Procuradoria-Geral da União para estudar quais medidas são cabíveis contra o parlamentar. Messias colaborou com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

"As afirmações do deputado também podem configurar crime de racismo", destacou a nota da AGU.