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Ex-chanceler diz ao TSE que Bolsonaro pediu reunião com embaixadores

Do UOL, em São Paulo

28/06/2023 07h54Atualizada em 28/06/2023 09h34

O ex-chanceler Carlos França afirmou que a reunião com embaixadores que pode tornar Jair Bolsonaro (PL) inelegível aconteceu a pedido da Presidência. O encontro aconteceu a 76 dias das eleições.

O que aconteceu:

França isentou o Itamaraty e disse que a iniciativa de organizar a reunião com embaixadores foi da Presidência, ocupada na época por Bolsonaro. "Julgou-se que era papel da Presidência da República se manifestar diretamente aos chefes de missão".

A informação foi dada por Carlos França em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 19 de dezembro de 2022. Naquele momento, o presidente Lula (PT) já estava diplomado.

A oitiva de França foi realizada em caráter sigiloso. A informação foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL.

França também diz que a opção de realizar a reunião no Palácio do Alvorada "despertou preocupação" para "evitar um caráter oficial ou de promoção do presidente que também era candidato".

Ele acrescentou que a intenção de Bolsonaro com a reunião era "manifestar a posição do Executivo em relação à busca de critérios de transparência".

A testemunha relatou que não teve envolvimento com a produção dos slides exibidos na apresentação de Jair Messias Bolsonaro. O Itamaraty foi acionado apenas para fornecer equipamento e tradutor para a tradução simultânea. Conclui o trecho dizendo 'Nós não tivemos acesso a esse material, e nós não fomos acionados para revisar esse material [...] Não houve participação do Itamaraty na substância desse evento'
Documento obtido pelo UOL mostra trecho de depoimento de Carlos França

Bolsonaro está sendo julgado no TSE por ataques contra o sistema eleitoral em reunião com embaixadores em julho de 2022. Ele é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por usar a TV Brasil, uma emissora pública, para transmitir a reunião em que fez alegações mentirosas.

O ministro Benedito Gonçalves, que votou pela inelegibilidade de Bolsonaro por oito anos, citou a oitiva de Carlos França. Ele considerou que o ex-presidente é integralmente responsável pela reunião com embaixadores.

Ocorre que Carlos França, ouvido como testemunha da defesa, negou o envio de material e declarou não ter participado de forma significativa do evento. As duas outras testemunhas da defesa também negaram envolvimento substancial na preparação ou realização da reunião, embora arroladas pelos réus por deterem "particular conhecimento" sobre aspectos da dinâmica do evento.
Relatório foi lido pelo relator Benedito Gonçalves

O julgamento do TSE será retomado amanhã com o voto dos outros ministros. Depois de Benedito, a ordem de votação é a seguinte: Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques e, por último, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE.