Deputado é acusado de violência política de gênero contra Erika Hilton
O deputado Abílio Brunini (PL) foi acusado de violência política de gênero contra a deputada Erika Hilton (PSOL) durante sessão da CPMI dos atos golpistas.
O que aconteceu
A deputada Duda Salabert prestou solidariedade à colega: "É alarmante saber que a todo momento que uma travesti ocupa um espaço de destaque, ou é recebida com violência politica, tentativa de silenciamento, ou é objeto de chacota", disse.
Antes de ser interrompida por Brunini, Erika disse: "Toda sessão o deputado [Brunini] atrapalha os trabalhos da CPMI, causa tumulto. Eu aconselharia que o deputado procurasse tratar sua carência em outro espaço".
Segundo parlamentares que estavam perto de Brunini, quando Erika disse que Brunini estava "carente", o deputado disse: "Por que, tá precisando de serviço?". Na avaliação desses congressistas, tratou-se de uma insinuação de que ela queria se prostituir. No momento, o microfone do deputado estava fechado e apenas pessoas próximas o escutaram.
Para Erika, "o deputado fez uma associação preconceituosa e discriminatória" ao dizer que ela "estava ofertando os seus serviços". "[Essa associação] muito provavelmente deve estar formada no imagético da população tem de travestis e transexuais. O que é criminoso, desrespeitoso, violento, não está dentro do âmbito da CPI e que não tem nenhuma correlação com aquilo que foi dito por mim", disse a deputada, que afirmou, porém, não ter ouvido o ataque do colega e que aguardará a liberação das imagens.
O senador Rogério Carvalho (PT) chamou o comentário de homofóbico. Carvalho estava sentado na frente do deputado bolsonarista.
Brunini riu das acusações e, questionado pelo presidente da CPMI, Arthur Maia (União), negou qualquer tipo de ofensa. A polícia parlamentar vai investigar as filmagens e Brunini poderá ser punido.
Minutos depois, Erika tentou retomar sua fala, mas foi interrompida novamente por gritos de André Fernandes (PL). Maia se irritou e ameaçou expulsar o deputado. "Se continuar assim, vou ter que tomar providências. Não vou aceitar que qualquer parlamentar tente desmoralizar o trabalho da presidência".
Brunini diz que vai denunciar o senador Rogério Carvalho ao Conselho de Ética por denunciação caluniosa. "Ele me acusou de homofobia sem eu nem ter entrado na questão com a Erika. Eu não toquei no nome dela, ela me atacou gratuitamente, falou que eu estava precisando de algum tipo de carência e eu só ri".
O deputado ainda acusou colegas de esquerda de terem editado vídeos para colocarem nas redes sociais: "Não admito homofobia", disse, garantindo ainda que não tem uma palavra dele de ataque à Erika e que não dirigiu nenhuma palavra a ela por questão de gênero.
O senhor Abílio fez uma fala homofóbica quando a companheira estava se manifestando. Ele disse que ela estava oferecendo serviços. Isso é homofobia e desrespeito e peça para o deputado se retirar.
Senador Rogério Carvalho
Eu não ouvi, mas outros deputados estão falando que ouviram Abílio. Vamos fazer investigação vendo as filmagens. Se falou, vai ter leitura labial e obviamente se agiu dessa forma vai ter penalidade.
Presidente da CPMI, Arthur Maia
Lamentável o que ocorreu durante o trabalho da CPMI. A base de Bolsonaro estava bastante raivosa.
Deputada Erika Hilton ao UOL
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Quero receberTem que ter investigação até para eu poder denunciar o senador [Rogério Carvalho] por denunciação caluniosa. Isso é importante. Eu falei com o pessoal da transcrição sobre ter aparecido a suposta ofensa no áudio, responderam que não apareceu nada. Mas a polícia do legislativo pode fazer a leitura labial.
Deputado Abílio Brunini
Nas redes sociais, parlamentares saíram em defesa da deputada Erika Hilton:
ASQUEROSO o ataque bolsonarista que aconteceu hoje contra a companheira e deputada @erikakhilton na CPMI do golpe.
-- Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) July 11, 2023
NÃO ACEITAREMOS DESRESPEITO!
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