Telefonema entre Putin e Bolsonaro levou compra de diesel russo aos bilhões

A compra de diesel russo pelo Brasil saltou de US$ 18 milhões para US$ 1,5 bilhões em 2023 — os valores equivalem a R$ 87 milhões e R$ 7,3 bilhões. Segundo apuração exclusiva do colunista do UOL Jamil Chade, entre janeiro e julho, Moscou vendeu em diesel quase o dobro de toda a exportação brasileira para o mercado russo. O produto supera hoje todos os demais itens da balança comercial.

No entanto, a negociação para a compra do combustível russo não é recente e não aconteceu no governo de Lula (PT). Foi a aproximação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Vladimir Putin que permitiu que o setor privado estabelecesse contratos para o comércio do combustível.

Promessa de redução de preços

Bolsonaro comentou pela primeira vez sobre a possibilidade de negociar com a Rússia no final de junho de 2022, depois de uma conversa por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin.

Na época, a Rússia já estava sob sanções internacionais devido à invasão a Ucrânia, especialmente dos Estados Unidos e da União Europeia — o bloco, inclusive, costumava ser o principal consumidor de gás e petróleo do país, mas cortou boa parte das compras.

Ao contrário dos europeus e norte-americanos, e mesmo com a pressão desses países, o governo brasileiro continuou negociando com os russos.

Promessa de redução de preços. Em meio às negociações, o ex-presidente disse em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto que esperava uma redução no valor cobrado dos consumidores a partir do acordo com os russos.

Ainda segundo Bolsonaro, quase um terço do diesel consumido no Brasil é importado, e por isso era necessário comprar de quem vendia mais barato.

A previsão nossa é em dois meses chegar o diesel mais barato. Tem os estoques. Nós importamos quase 30%. Agora, você tem que importar diesel de quem está vendendo mais barato, e não importar à vontade de quem está vendendo até mais caro, porque aumentando o preço aqui aumenta o lucro da Petrobras.
Jair Bolsonaro

Já em setembro, o ex-presidente voltou a falar sobre o assunto ao afirmar que as conversas continuavam — já que a previsão de 60 dias citada em julho ainda não havia se concretizado. Bolsonaro também disse que a iniciativa, se realizada, poderia resultar na redução dos preços de gêneros alimentícios pela redução do custo do frete.

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A aproximação de Bolsonaro no acordo sobre o diesel foi tema de debates e o posicionamento brasileiro em meio à guerra deixou as potências ocidentais preocupadas.

*Com informações adicionais da Reuters

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