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Lira é adversário do PT desde sempre, mas eu preciso dele, diz Lula

O presidente Lula afirmou que o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, foi e sempre será adversário político do PT, mas que "precisa dele". A declaração foi dada hoje, durante lançamento do novo PAC, no Rio de Janeiro.

O que aconteceu

O petista afirmou que, após as eleições, a relação entre os dois é de respeito. "O Arthur Lira, por exemplo, é nosso adversário político desde que o PT foi fundado e vai continuar sendo nosso adversário. Nós temos momentos de campanha em que nós vamos nos xingar, falar mal um do outro, mas, quando acaba a eleição, que cada um assuma seu posto."

Lula disse que precisa mais de Lira do que o presidente da Câmara precisa dele. "Ele não está aqui como Arthur Lira, mas como presidente da instituição que o Poder Executivo precisa mais dela, do que ela do Poder Executivo. Não é o Lira que precisa de mim. Eu é que mando os projetos feitos pelos ministros, pela sociedade. Eu é que preciso dele para colocar em votação."

Novo PAC prevê investimento de R$ 1,7 trilhão. Esse valor está dividido em R$ 371 bilhões previstos para o Orçamento Geral da União, R$ 343 bilhões para empresas estatais, R$ 362 bilhões para financiamentos e R$ 612 bilhões para o setor privado.

O anúncio do programa ocorreu em cerimônia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O evento contou com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), considerada pelo petista como a "mãe do PAC" e hoje presidente do Banco dos Brics.

Se hoje podemos anunciar esse novo PAC, é porque o Congresso Nacional também compreende que é necessário retomar o crescimento do país, sem descuidar das contas públicas.
Lula, em cerimônia de lançamento no Novo PAC

Lula: 'PAC é o começo do nosso terceiro mandato'

O presidente cobrou que, agora, ministros vão ter que seguir o que consta no programa. "Agora, ministro vai ter que parar de ter ideia. Ministro vai ter que cumprir [...] Cada ministro vai ter que correr atrás do que está escrito, do que estamos falando aqui. Para a gente fazer as coisas acontecerem nesse país. E vão acontecer."

Nos primeiros meses de governo, Lula chegou a repreender ministros que divulgavam "genialidades". Em março, ele afirmou que não queria "propostas de ministros", mas de governo, e pediu que novas ideias fossem apresentadas ao governo antes de serem tornadas públicas.

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Investimento do PAC pode chegar a R$ 2 trilhões

Durante seu discurso, Lula também disse que, se o ministro da Fazenda Fernando Haddad "abrir a mão", o governo poderá concretizar ainda mais projetos.

"Se tiver novos projetos e alguém estiver disposto a ajudar, esse R$ 1,7 trilhão pode crescer para R$ 2 trilhões ou mais. Porque não vai faltar disposição de trabalho. E se o Haddad abrir um pouco a mão, pode até ter um pouco mais de dinheiro para a gente fazer mais coisas nesse país", afirmou o presidente.

Lula disse que vai cobrar EUA por investimentos no Brasil

"Eu vou dizer para o Biden: 'Faz muitos anos que os EUA só pensam em guerra e não fazem investimento no Brasil. Gasta um pouco de dinheiro investindo no nosso país, porque isso vai trazer paz para o nosso país'."

Em julho, o presidente disse não querer se meter no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente afirmou que o Brasil é um país "amigo" de todas as outras nações e, justamente por esse motivo, deve ficar neutro na guerra. "O Brasil gosta de todo mundo e todo mundo gosta do Brasil. E é por isso que eu não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia.

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Vaias a Cláudio Castro, palmas para Dilma

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ), foi vaiado durante o evento. Lula criticou a atitude e voltou a defender a boa relação entre adversários políticos.

Sob a proteção de Lula. O petista já tinha se mostrado incomodado nas primeiras vaias contra o governador do Rio, levando as mãos à cabeça. Na hora de seu discurso, defendeu o político do PL. Comparou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que também era seu convidado e foi citado como exemplo de adversário político com boa convivência fora do período eleitoral.

O governador do Rio de Janeiro não está aqui porque quer, e sim porque nós o convidamos. Eu me sentiria muito deprimido se um dia eu fosse num ato em Goiás, convidado pelo [governador Ronaldo] Caiado, e o pessoal me vaiasse. Ficaria constrangido.
Lula, durante evento do PAC

Palmas para Dilma. Ao chegar ao evento, Lula entrou no auditório acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi ovacionada pelo público e elogiada diversas vezes na cerimônia. Eles se sentaram lado a lado no Municipal.

Bolsonaristas ausentes. Vinte e três governadores compareceram ao principal lançamento do governo até o momento. Não foram alguns aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como Romeu Zema (Novo-MG), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Mello (PL-SC) e Ratinho Júnior (PSD-PR). Os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), e do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), estavam ausentes, mas enviaram representantes ao evento.

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Outras ausências notadas. A primeira-dama Janja da Silva não compareceu ao ato. Ela estava, desde quinta, em encontros com influenciadores no Rio, embora tenha participado de jantar na casa de Paes ontem. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), também não esteve presente. Ele está cumprindo agenda no Maranhão, segundo sua equipe.

Interrupção. Lula foi interrompido em seu discurso por um homem que estava no mezanino do teatro. Ele gritou: "Presidente, quero dar uma sugestão para o senhor" e arremessou folhas de papéis, que voaram sobre a plateia. Lula respondeu: "Depois você fala, agora é minha vez". Seguranças do presidente sentaram próximo ao homem e, ao fim do discurso, conversaram com ele.

Ofuscada por operação da Polícia Federal. As buscas e apreensões realizadas hoje pela PF contra Mauro Cid, seu pai e assessores abafou nos noticiários o anúncio do PAC. A PF deflagrou uma ação para aprofundar a investigação de um esquema de desvio e venda no exterior de presentes dados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em missões oficiais.

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