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Delgatti é condenado a 20 anos de prisão por vazar mensagens da Lava Jato

Walter Delgatti Neto, que ficou conhecido como "hacker da Vaza Jato", foi condenado hoje a 20 anos e um mês de prisão em regime fechado pela Justiça Federal do Distrito Federal por crimes apurados no âmbito da operação Spoofing.

O que aconteceu:

Delgatti foi condenado por ataques hackers contra autoridades públicas, em especial responsáveis por persecução penal. Ao todo, o juiz substituto Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal, aponta 126 vítimas de interceptações de comunicação telefônica feitas pelo hacker.

O magistrado cita que a investigação foi iniciada depois que Sérgio Moro, então Ministro de Justiça e Segurança Pública, teve seu Telegram invadido, levando ao vazamento de informações relacionada à Operação Lava Jato em 2019. O episódio ficou conhecido como "Vaza Jato".

Ainda, o juiz aponta que Delgatti constituiu organização criminosa para praticar "furtos bancários mediante fraude", a qual evoluiu para "devassar a intimidade de autoridades públicas e obter ganhos financeiros".

Delgatti é apontado "como líder da organização criminosa", utilizando-se de facilidades que cada um dos denunciados poderia lhe proporcionar, situação que contribuiu para o sucesso dos crimes. Outras cinco pessoas forma condenadas, e uma absolvida.

Juiz cita exibição de hacker

A decisão fala de "exibicionismo" de Delgatti Neto ao realizar os ataques cibernéticos e se qualificar publicamente. O magistrado cita uma entrevista na qual o hacker disse ter ajudado "a vida de 220 milhões de brasileiros" ao divulgar informações sigilosas da Operação Lava Jato, que se sentia "orgulhoso" e que "faria tudo novamente".

Walter Delgatti Neto teria cobrado R$ 200 mil de jornalistas para vender o material obtido por ele por meio das invasões cibernéticas contra agentes públicos que trabalharam na Operação Lava Jato, como o promotor Marcel Zanin Bombardi.

O magistrado afirma que o hacker descumpriu medidas cautelares em duas ocasiões, bem como usou o nome "Danilo Cristiano Marques" para "continuar com seu intento criminoso e escapar do cumprimento do mandado de prisão" contra ele, segundo a decisão.

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A pena foi de 20 anos e um mês de prisão em regime fechado, além de 736 dias-multa. O UOL buscou contato com a defesa de Walter Delgatti Neto, que informou que ainda precisa analisar a decisão.

O próprio Walter em seu interrogatório relatou "ter obtido o código de acesso da conta de aplicativo do Telegram do então Ministro da Justiça Sérgio Moro" e admitiu que neste ponto "a questão do telegram é verdadeira". [...] A partir destas peças produzidas pelo setor de perícias da Polícia Federal, houve a comprovação de que foi explorada uma brecha no sistema de telefonia móvel, aliado a um esforço de engenharia social para acessar, de maneira ilícita, o histórico de mensagens das vítimas.
Ricardo Augusto Soares Leite, juiz substituto da 10ª Vara Federal Criminal

Leia íntegra da decisão

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