CPI do 8/1 aprova quebra de sigilo de Carla Zambelli e hacker

A CPI do 8 de Janeiro aprovou hoje as quebras de sigilos bancário e telemático da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que assim entra na mira da investigação. Ontem, ela declarou ao UOL não temer o exame de suas mensagens, email e contas bancárias. O hacker Walter Delgatti também teve os sigilos quebrados.

O que aconteceu

A situação dos dois investigados está ligada porque o hacker disse que foi convidado pela deputada para falsificar uma invasão de urna eletrônica.

Ele declarou ainda que a parlamentar marcou uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para discutir maneiras de desacreditar o sistema eleitoral.

Não existe prazo para o envio das quebras de sigilo, mas a entrega dos dados costuma ser rápida. Os documentos obtidos pelas quebras de sigilo de ambos servirão para verificar se eles tramaram contra o resultado das eleições na esperança de justificar um golpe.

Ontem, Carla Zambelli declarou ao UOL que prestaria depoimento em caso de convocação.

Qual era o suposto plano com Delgatti?

Em 2022, Walter Delgatti Neto teria sido procurado por Carla Zambelli, que intermediou um encontro entre o hacker e Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O objetivo da reunião foi, segundo o hacker, para explicar detalhes do sistema das urnas eletrônicas — o então presidente divulgou diversas fake news sobre o sistema eleitoral brasileiro, inclusive em uma reunião com embaixadores, que o tornou inelegível por oito anos após decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Além das urnas, Delgatti também disse que lhe pediram para grampear o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A ideia, segundo falou, seria invadir o celular do ministro.

Walter Delgatti Neto ganhou projeção nacional em 2019 após vazar conversas de procuradores da República que participavam da Operação Lava Jato. A divulgação das conversas ficou conhecida como Vaza Jato.

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Na época, Delgatti foi preso na Operação Spoofing e admitiu ter hackeado o celular de diversas autoridades brasileiras — entre elas: Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros procuradores da Operação Lava Jato.

Em 2020, ele foi colocado em regime semiaberto, com tornozeleira eletrônica e restrição ao uso de internet.

Em junho deste ano, Delgatti foi preso novamente por descumprir uma medida da Justiça que o proibia de acessar a internet.

As quebras de sigilo incluem ainda duas pessoas suspeitas de fazer parte do que ficou conhecido como "gabinete do ódio": José Matheus Sales Gomes e Tércio Arnaud Tomaz.

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