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PF previu risco na véspera, mas PM do DF escoltou golpistas, diz diretor

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou, durante o UOL Entrevista, que foi informado pelo setor de inteligência da corporação, no dia anterior ao 8 /1, sobre o risco de que manifestantes acampados em frente ao quartel-general do Exército em Brasília depredassem os prédios dos três Poderes.

O 8 de janeiro começou bem antes. [...] Eu sou diretor de uma polícia judiciária. Nosso papel foi fielmente cumprido porque eu recebi informações da minha área de inteligência, de nenhuma outra agência, mas da minha área de inteligência. E estive lá na Secretaria de Segurança [do Distrito Federal] no dia 7 de janeiro, reunido com o secretário de Segurança, com a cúpula das instituições, e oficiei, dentro do sistema, no dia 7 de janeiro, dizendo: 'Olha, essas pessoas não podem sair do acampamento porque eles vão depredar o Supremo [Tribunal Federal], o Congresso [Nacional] e o [Palácio do] Planalto'. Isso está no dia 7 escrito. Véspera, portanto, do quebra-quebra. O ministro Flávio Dino recebeu o meu ofício --ele é o meu chefe e a quem eu direcionei-- e encaminhou imediatamente e comunicou o governador.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF

O diretor-geral da PF relatou ter feito o alerta ao órgão competente do Distrito Federal, mas que, "infelizmente", a PM escoltou manifestantes golpistas até as sedes dos três Poderes. Andrei Rodrigues foi entrevistado pelos colunistas do UOL Carla Araújo e Josias de Souza na tarde desta sexta (25).

Fiz esse alerta, fui na secretaria, fiz essa solicitação e, infelizmente, o que se viu foi a Polícia Militar [do Distrito Federal] escoltando criminosos --essas pessoas são criminosas, foram presas-- para fazerem o que fizeram. [...] Hoje, a cúpula da instituição, infelizmente, está presa, enfim, em razão das responsabilidades que tiveram.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF

'Instabilidade' sob gestão Bolsonaro

Andrei afirmou também que a PF passou por um período "conturbado" durante os quatro anos do governo Bolsonaro, devido às recorrentes mudanças em vários níveis da instituição por ordem do então presidente.

A PF viveu um período de muita instabilidade. De fato, houve quatro ou cinco diretores, se considerar que um nem sequer tomou posse, em quatro anos. Mudanças de superintendências, mudanças de chefias de investigação, mudança de investigadores de setor. Mostrando que nós vivemos de fato um período muito conturbado, eu diria assim. O que, agora, é uma realidade absolutamente distinta. Todos os 27 superintendentes foram escolhidos pela minha direção, todos os 13 diretores foram escolhidos por mim, com a autonomia que recebi do ministro da Justiça [Flávio Dino], que é meu chefe imediato, e do presidente da República, que é nosso chefe.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF

O diretor-geral defendeu ser preciso diferenciar a "autonomia investigativa da questão administrativa", já que a PF depende da administração pública, assim como outras agências públicas.

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Portanto, é saudável e recomendável que o diretor-geral fale com o presidente, com o ministro. [...] Ou seja, [temos] uma relação saudável, transparente. Os resultados dos nossos trabalhos têm apontado essa independência da polícia.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF

Concursos públicos

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Andrei Passos Rodrigues afirmou que irá solicitar a abertura de novos concursos públicos para ampliar o efetivo da PF. Segundo ele, há atualmente um curso de formação em andamento, previsto para encerrar em 5 de setembro, e que somente após o seu encerramento pode ser solicitado um novo.

Eu já solicitei ao Ministério da Gestão e Inovação um concurso para servidores administrativos, mais de 700 vagas. Um pleito nosso é que a Polícia [Federal] tenha concursos anuais, concursos periódicos com menor quantidade de vagas, mas concursos periódicos de maneira que a gente consiga sempre não só repor aqueles quadros que vão aposentando, que vão saindo, mas também incrementar o nosso efetivo, que hoje é de apenas 15 mil servidores. Então, é uma proposta nossa que eu espero que seja aprovada pelo governo.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF

Elogios a Moraes

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O diretor-geral da PF afirmou que "o Brasil e a democracia brasileira respiram graças à atuação ministro do STF Alexandre de Moraes".

O ministro Alexandre de Moraes tem um histórico, uma trajetória funcional absolutamente admirável. [Ele é] uma pessoa corretíssima, íntegra, muito firme e, graças a ele e a atuação firme que ele teve, o Brasil e a democracia brasileira respiram. Então, eu vejo com um absoluto repúdio essas críticas de que possa haver qualquer questão política envolvida [nos processos que ele conduz].
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal

Investigações contra Bolsonaro

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Questionado se acredita que os investigadores chegarão a elementos que possam resultar na prisão de Bolsonaro, Andrei Passos diz que nenhuma hipótese é descartada.

O cenário é a lei. O que está no Código Penal, o que fala o Código de Processo Penal e o que está na Constituição, que é a nossa lei maior. Dentro desse arcabouço jurídico e legal, há possibilidade, sim, de prisão, a possibilidade de busca e apreensão, que temos feito várias. Nós não descartamos nenhuma das hipóteses.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal

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O diretor da PF ainda confirmou que há indícios de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, por exemplo. "Indícios há. A gente tem visto várias provas que são tornadas públicas pelo ministro relator, onde a gente identifica vários elementos que podem apontar neste caminho", disse.

Confira a entrevista com Andrei Passos Rodrigues na íntegra:

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