'Há possibilidade legal para a prisão de Bolsonaro', diz diretor da PF

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, disse hoje ao UOL Entrevista que, se os "requisitos legais" forem atendidos com provas concretas, há possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser preso.

O que aconteceu?

Ao UOL Entrevista, com os colunistas Carla Araújo e Josias de Souza, o diretor reforçou diversas vezes que a corporação atua com provas concretas e com base na lei.

O que a equipe tem de se pautar é na responsabilidade e na qualidade da prova. Deve se pautar pelo que está na lei e pelo que está apurando. Se nessa conjunção de elementos se chegar a essa conclusão [pela prisão], se os requisitos legais são atendidos, esse é um caminho possível, e aqui falo hipoteticamente.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF

Indícios há. Temos visto várias provas que são tornadas públicas pelo ministro relator [Alexandre de Moraes], onde a gente identifica vários elementos que podem apontar neste caminho. Agora, como disse, esse é um ponto muito caro para nós investigadores e policiais federais de ter essa responsabilidade à medida que provas forem colhidas, depoimentos colhidos, análises de materiais apreendidos, a gente vai avançando sempre com muita consistência naquilo que estamos fazendo.

Apreensão do passaporte é possibilidade

Segundo Rodrigues, até mesmo o confisco do passaporte do presidente pode acontecer se a medida for necessária para manter as investigações.

Ele comentou que a corporação ainda apura as possíveis participações de Bolsonaro nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Para o diretor, os personagens de todos os escândalos envolvendo o ex-presidente se repetem.

Nosso trabalho procura desvendar todo esse cenário. O que a gente tem visto é que há a conexão entre todos esses elementos. O próprio questionamento de integridade do sistema eleitoral, o ataque às instituições brasileiras, ao Poder Judiciário, a interferência na instituição como por exemplo me parece que houve na Polícia Federal. Tudo isso se conecta e o que a gente vê nessa investigação é que há uma conexão, os atores se repetem.

Há crimes contra o Estado Democrático de Direito, há crimes em relação à falsificação de cartões de vacina, uso de documento falso, crime contra a saúde pública, há crime em relação à questão das joias. Há todo um contexto onde as investigações estão acontecendo e estão sendo produzidas provas.

Continua após a publicidade

O diretor-geral da Polícia Federal também afirmou que os R$ 17 milhões que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu de apoiadores via Pix podem ser bloqueados se "levantarem margem de desconfiança".

Nós estamos recebendo agora os dados bancários e fazendo análise desses R$ 17 milhões — e aí são milhões de transações. Ou seja, há possibilidade legal do bloqueio, sim, se houver qualquer suspeição de que não sejam transações normais, que levantem alguma margem de desconfiança.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.