Atos golpistas de 8/1: quem são os quatro réus julgados hoje no STF

O Supremo Tribunal Federal julga hoje, a partir das 9h30, os quatro primeiros entre os 1.390 denunciados pela invasão aos prédios da Praça dos Três Poderes, nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Quem são os réus

Os acusados são Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima de Carvalho Lázaro. Dos quatro, apenas Moacir está solto — o restante continua detido oito meses após as invasões.

Pereira foi preso no plenário do Senado, enquanto Mathar e Santos foram detidos no Planalto. Lima esteve no Congresso, mas foi preso em flagrante na Praça do Buriti, a cerca de 5 quilômetros da Praça dos Três Poderes.

Todos respondem por cinco crimes: associação criminosa armada; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

As penas somadas podem superar 30 anos de prisão.

Funcionário da Sabesp foi preso no Senado

Aécio Pereira, 51, mora em Diadema (SP) e perdeu o emprego. Ele era funcionário da Sabesp, a empresa de saneamento de São Paulo, mas foi demitido por justa causa devido à participação nos atos golpistas.

Durante a invasão ao Senado, Pereira vestia uma camisa com os dizeres "intervenção militar federal". Ele gravou um vídeo enquanto estava na mesa diretora da Casa, no qual se dirigiu aos "amigos da Sabesp". O militante acabou preso no local pela Polícia Legislativa.

Amigos da Sabesp, quem não acreditou, tamo aqui. Quem não acreditou, tô aqui por vocês também, porra! Olha onde eu estou: na mesa do presidente.
Aécio Pereira, em vídeo no plenário do Senado em 8/1

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Em depoimento, Pereira negou que tenha participado do quebra-quebra. Ao UOL, o advogado Sebastião Coelho da Silva, que defende Aécio, afirmou que está examinando o processo e que "a expectativa é pela absolvição", mas não comentou detalhes das acusações.

Produtor rural ajudou idosas na invasão

Thiago Mathar, 43, mora em São José do Rio Preto (SP). Identificado como produtor rural, ele foi detido pela PM no Palácio do Planalto e afirmou, em depoimento, que foi para o ato com a intenção de promover manifestação pacífica.

Mathar disse que entrou no Planalto para se proteger de "bombas e tiros" disparados pela polícia. Ele confessou que estendeu cortinas dentro do prédio para "ajudar" mulheres de idade a entrarem. "Nossa caravana era para um Brasil melhor", afirmou.

O militante é casado e tem dois filhos pequenos. Após a prisão, a mãe de Mathar lançou uma petição online para pressionar pela soltura dele, já que as crianças, de 4 e 6 anos, estariam "sofrendo muito" com os meses de ausência do pai.

O advogado Hery Kattwinkel afirmou ao UOL que a denúncia "não demonstra qualquer tipo de ato lesivo ao patrimônio público" por parte do réu. Segundo ele, as denúncias invertem a presunção de inocência, porque consideram "que todos são culpados até que se prove o contrário".

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Réu foi identificado por material genético

Moacir José dos Santos, 52, é morador de Cascavel (PR). Ele também foi preso no Planalto e teve a presença no local comprovada por análise de material genético que deixou no local, segundo a PGR.

Outra prova seria um vídeo gravado no interior do prédio pelo próprio invasor.

Ele foi solto no início de agosto por ordem de Alexandre de Moraes. O ministro do STF, porém, fixou medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e cancelamento de passaporte, além da suspensão de porte de arma de fogo.

No processo, a defesa afirma que a presença do denunciado no Planalto não comprova que ele cometeu qualquer crime e que não há imagens que mostrem ele depredando o prédio ou pedindo a destituição do governo. O UOL não conseguiu contato com a advogada Shanisys Martins.

Santos se apresenta nas redes sociais como autônomo. Seu emprego mais recente, segundo o perfil no Facebook, foi de motorista em uma empresa de paisagismo.

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Entregador deixou esposa grávida para pedir intervenção militar

Matheus Lima, 24, mora em Apucarana (PR). Ele foi a Brasília deixando a esposa grávida e mandou mensagens e áudios para ela durante a invasão. Lima foi preso em flagrante com uma faca, uma jaqueta militar e uma camiseta da seleção brasileira.

Nos áudios que enviou à esposa, Lima defendeu que os manifestantes tinham que "quebrar tudo" para o Exército "entrar e tomar o poder". As mensagens constam na investigação da Polícia Civil do DF e mostram que ele esperava uma intervenção dos militares enquanto os prédios públicos estivessem ocupados.

A DPU (Defensoria Pública da União), que representa Lima, não comentou detalhes da denúncia. O acusado, que informou à polícia ser entregador, não tem advogados particulares no caso. Na ação, a DPU pediu que ele seja absolvido.

À polícia, Lima se definiu como "bolsonarista e nacionalista". Em depoimento logo após a prisão, ele confessou que invadiu o Congresso e filmou colegas jogando pedras em uma vidraça, mas negou ter participado diretamente da depredação.

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