Lula antecipa volta e deixará NY amanhã após encontro com Zelensky
O presidente Lula (PT) decidiu antecipar para amanhã (20) à noite a volta ao Brasil, após encontro com o presidente ucraniano Vlodomir Zelensky, em Nova York. O retorno estava previsto para quinta (21) à tarde, após entrevista coletiva.
O que acontece
Oficialmente, o Planalto diz que o presidente prefere "chegar mais cedo" para "trabalhar mais", dado que não havia agenda oficial na cidade na quinta. Nos últimos meses, no entanto, Lula tem reclamado de dores constantes no quadril e costuma evitar extensão de eventos e viagens.
Em Nova York, para a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), a entrevista coletiva final da viagem, marcada para a quinta de manhã, foi cancelada. Nesta quarta, Lula manteve os encontros bilaterais — além de Zelensky, ele se reúne com o presidente norte-americano Joe Biden, o diretor- geral da OMS, Tedros Adhanom, e o presidente do Paraguai, Santiago Peña.
Lula já tem uma cirurgia pré-agendada para a última semana do mês — a ida à Nova York foi um dos motivos de adiamento da operação. Será um procedimento de baixo risco, para colocar uma prótese com objetivo de aliviar as dores em decorrência de uma artrose.
Encontro com Biden e Zelensky
Lula abriu hoje a Assembleia-Geral com um forte discurso contra o neoliberalismo e com cobranças aos países ricos. Para amanhã, estão previstos os encontros com os dois presidentes.
Com Biden, Lula irá lançar um programa de estímulo ao emprego. A "Iniciativa Global Lula-Biden para o Avanço dos Direitos Trabalhistas na Economia do Século XXI" foi anunciada em agosto, após telefonema entre os dois presidentes.
O encontro com Zelensky é ainda mais aguardado. Eles vão se reunir pela primeira vez ao vivo após meses de negociação. Até então, Lula negou convites de ir ao país e conversou uma vez com Zelensky por vídeo.
Discurso forte
No discurso que abriu a assembleia, Lula disse que "aventureiros de extrema-direita" surgem dos "escombros do neoliberalismo". Ele também criticou a desigualdade social no mundo, cobrando "vontade política" dos países ricos para solucionar o problema, e ressaltou sua volta à Presidência "graças à democracia".
Como esperado, o presidente brasileiro fez um discurso voltado à defesa de mais espaço aos "países em desenvolvimento", chamados por ele de "sul global", e com fortes acenos à esquerda. Lula cutucou bilionários, criticou o neoliberalismo e fez referência indireta aos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL) e Donald Trump, dos Estados Unidos.
O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros, surgem aventureiros de extrema-direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir o neoliberalismo por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário.
Cirurgia no final de setembro
Com dores desde o ano passado, o presidente finalmente deverá ser operado em Brasília no dia 29 de setembro. A data foi escolhida, inclusive, devido à intensa agenda internacional do presidente.
A cirurgia ocorrerá em Brasília por motivos logísticos e vai ser realizada pela mesma equipe do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo que acompanha o caso, segundo o UOL apurou. A operação será feita na unidade da capital federal. Depois, ele ficará em repouso no Palácio da Alvorada.
É esperado que o presidente precise de descanso por pelo menos uma semana, mas a operação deve impactar a agenda o mínimo possível.