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Torres tentou associar PT a facções criminosas em 2022, diz ex-diretora

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Imagem: Wilton Junior/ 04.out.2023 - Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

06/10/2023 16h39

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres tentou associar o PT a facções criminosas durante as eleições de 2022, segundo dados do celular de Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF.

O que aconteceu

Anotações descobertas no celular da ex-diretora mostram que Torres a pressionou para criar elo entre o partido de Lula e esses grupos, apurou o UOL. As anotações de Marília descrevem uma reunião que teria ocorrido em outubro de 2022 no gabinete do ex-ministro.

Segundo as anotações da ex-diretora, ela não conseguiu elaborar um documento fazendo essa associação por falta de provas. "Havia uma certa pressão para que eu fizesse um relatório que indicasse a relação do PT com facções criminosas. Não fizemos porque não havia comprovação", escreveu Marília.

As informações foram obtidas por quebras de sigilo aprovadas pela CPMI dos ataques golpistas de 8 de janeiro.

O UOL entrou em contato com a defesa do ex-ministro. Em caso de manifestação, esse texto será atualizado.

Quando deixou o Ministério da Justiça, com o fim do governo Bolsonaro, Torres foi nomeado secretário de Segurança Pública pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). O ex-ministro, então, escolheu Marília para ser sua diretora de Inteligência.

O ex-ministro responde por suspeita de conivência e omissão com os atos de 8 de janeiro em Brasília (DF), quando ainda era secretário de Segurança Pública do DF. Por isso, ele ficou preso por quatro meses, entre janeiro e maio.

Ele enfrenta ainda um Processo Administrativo Disciplinar interno da PF, que apura ilegalidades cometidas por servidores públicos, além de cumprir uma série de medidas para responder em liberdade provisória. Torres é delegado da Polícia Federal.

Quais são as acusações contra Anderson Torres

Omissão e conivência nos ataques de 8 de janeiro: na época, Anderson Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Porém, no dia dos ataques, ele estava nos Estados Unidos. Ele é acusado de não ter preparado um esquema eficaz de segurança aos prédios públicos. Esse foi o motivo, inclusive, da prisão de Torres;

Bloqueios da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no 2º turno das eleições de 2022: no dia da eleição, agentes da PRF fizeram vários bloqueios em estradas do Nordeste, região em que Lula (PT) tinha recebido mais votos que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no 1º turno. Torres, à época ministro da Justiça, é investigado por incitar a PRF a fazer esses bloqueios, mesmo com ordem contrária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE);

Minuta golpista: a Polícia Federal achou na casa de Anderson Torres uma minuta de um decreto presidencial que determinava a instauração de um estado de defesa para mudar o resultado da eleição. A medida daria poderes para Bolsonaro interferir no TSE. A medida é inconstitucional;

Em todos esses casos, a defesa de Anderson Torres nega qualquer irregularidade cometida pelo ex-ministro.

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