Sem citar nome de Cid, Ciro diz que 'pedaço do PDT não aceita suborno'
Sem citar diretamente Cid Gomes, o ex-governador Ciro Gomes alfinetou o irmão em meio a uma disputa interna no PDT do Ceará ao dizer que seu "pedaço" do partido "não aceita suborno".
O que aconteceu:
A fala de Ciro Gomes ocorreu nesta segunda-feira (30) durante convenção do PSDB cearense, que reconduziu Élcio Batista ao comando da sigla tucana no estado. Na ocasião, o ex-presidenciável afirmou que o PSDB local poderá "contar" com a parte do PDT que ele lidera.
O Ceará, Fortaleza, precisa muito do Tasso Jereissati e do PSDB. E contem conosco, contem conosco, porque esse pedaço do PDT que tá aqui não aceita suborno. Ciro Gomes
O PDT cearense está dividido em dois grupos antagônicos, liderados respectivamente pelos irmãos Cid e Ciro Gomes. A relação entre os dois ficou estremecida durante a corrida presidencial de 2022, quando pararam de se falar, porque o então presidenciável do PDT achou que seu irmão não o ajudou durante a campanha — Ciro terminou a disputa em terceiro lugar no Ceará e o candidato pedetista ao governo do estado foi derrotado por Elmano de Freitas (PT).
Na última sexta-feira (27), o clima entre Cid e Ciro voltou a esquentar durante uma reunião nacional do partido, que decidiu intervir na disputa entre os dois no Ceará — Cid deixou de ser presidente estadual da sigla.
Uma parcela do diretório estadual, formada por políticos como Ciro e o deputado André Figueiredo, apoiou a intervenção nacional. Figueiredo era presidente regional do partido até julho, mas alega que foi retirado abruptamente do cargo sem direito a defesa pelo grupo de Cid.
Irritado com a "absurda" interferência, Cid Gomes ameaçou deixar o partido junto com a maioria dos 117 integrantes do diretório estadual do PDT. Ele afirma que o grupo de Ciro e Figueiredo é minoritário e que tenta impor sua vontade aos demais.
Grupos divergem sobre eleições municipais
A disputa inclui o tamanho das alianças nas eleições municipais do ano que vem. O grupo de Cid defende uma aliança ampla, com apoio do PT, já que o partido faz parte da base do governo Lula.
O grupo de Ciro e Figueiredo defende uma atuação mais independente do partido em 2024.
"A aliança com o PT seria bem-vinda, mas o PT poderia querer impor um nome", explicou André Figueiredo em entrevista ao UOL.
Cid Gomes disse que não poderia haver intervenção porque não existem irregularidades.
Figueiredo rebate. Ele diz que, além da sua retirada abrupta do comando partidário cearense, houve a tentativa de liberar um importante político do PDT, o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, de sair candidato a prefeitura de Fortaleza por outra sigla. Isso minaria a candidatura à reeleição do atual prefeito, José Sarto (PDT), no ano que vem.
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