'Se fizesse Enem, iria errar as questões de agro', diz Fávaro após polêmica

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou hoje que erraria as questões do Enem 2023 que trataram de agronegócio. O exame nacional virou alvo da bancada ruralista no Congresso por questões que tratavam do setor.

O que Fávaro disse

Mesmo sem querer criticar a prova realizada no último domingo (5), o ministro deixou claro que discorda das proposições que geraram polêmica. Um dos itens citou "superexploração dos trabalhadores" e "agrotóxicos" como "fatores negativos do agronegócio no Cerrado".

Na segunda (6), a FPA (Frente Parlamentar de Agropecuária) pediu as anulações desta e de outras duas proposições que também trataram do setor. Segundo os parlamentares, os itens tiveram "cunho ideológico e sem critério científico e acadêmico".

Não é o governo que faz a prova, são professores renomados que fazem. O que eu posso dizer em relação a isso, e nada mais, é que, se eu estivesse fazendo a prova, eu ia errar as questões porque eu vivo e sei qualidade de vida, eu sei o desenvolvimento que o agro é para essas regiões. Se eu estivesse fazendo, eu ia errar.
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, sobre Enem

"Eu conheço o agronegócio e conheço como funciona. [...] O agronegócio gera oportunidades, desenvolvimento social", defendeu o ministro.

Fávaro não quis entrar na questão se concorda ou não com o posicionamento da FPA nem se mostrou interessado a se meter no assunto. "Eu estou tranquilo, acho que não é minha atribuição ser comentarista de prova de Enem", concluiu.

Fávaro se reuniu nesta tarde com o presidente Lula (PT) e empresários do setor de soja, incluindo o ex-ministro Blairo Maggi, bilionário considerado "o rei da soja". Segundo o ministro, eles trataram do desenvolvimento do setor e não conversaram sobre o marco temporal.

Inep "não demoniza agro"

Após a polêmica, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Manuel Palácios, argumentou que as questões do Enem não exigem que o aluno concorde com os textos de apoio, só que os compreenda. Ele foi convocado para audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que também queria chamar o ministro da Educação, Camilo Santana.

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Estudantes não precisam concordar com o conteúdo de um suporte, pois o que é avaliado é a compreensão do conteúdo. A capacidade de compreender textos diversos, com posicionamentos variados e divergentes, é fundamental para o desenvolvimento do pensamento crítico e o sucesso na educação superior.
Manuel Palácios, presidente do Inep, na Câmara

"O Enem não demoniza o agronegócio, o Inep não demoniza o agronegócio, todos reconhecemos a imensa importância do agronegócio no país", completou.

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