Brasileiro diz à PF que negou oferta do Hezbollah para 'sequestrar e matar'
Um dos alvos da operação que mira suspeitos de integrar um núcleo do Hezbollah no Brasil disse à Polícia Federal que ele precisava estar disposto a "matar e sequestrar" caso quisesse integrar o grupo.
O que aconteceu
O suspeito foi ouvido após mandados de busca e apreensão na Operação Trapiche. Entretanto, ele não é um dos dois homens presos ontem.
No depoimento à PF, obtido pelo UOL, o homem descreve como se encontrou com supostos integrantes do grupo extremista em Beirute, capital libanesa, e quais foram as propostas feitas a ele.
O suspeito admitiu ter recebido dinheiro do grupo em São Paulo, uma quantia de R$ 200 mais US$ 400 [cerca de R$ 2 mil na cotação de hoje]. Ele diz ter retirado o dinheiro na estação do Brás junto a um homem "que parecia brasileiro e falava português normalmente".
No mesmo dia, ele embarcou para o Líbano para "conversar com uma liderança", contou. O encontro ocorreu no dia seguinte, em Beirute, e todas as orientações eram repassadas pelo WhatsApp e intermediadas por outros integrantes do grupo, segundo seu depoimento à PF.
O "chefe" da organização teria dito que o trabalho "não era limpo" e que seria necessário "matar e sequestrar". À PF, o suspeito disse ter relatado que não seria capaz de realizar os serviços e que foi dispensado dois dias depois, com todas as despesas pagas.
Entenda a operação
A ação da PF mirou pessoas suspeitas de atuar como recrutadores de brasileiros. Segundo apurou UOL, a investigação apontou que o objetivo do grupo era atacar prédios da comunidade judaica no Brasil, incluindo sinagogas.
Duas prisões temporárias foram feitas em São Paulo. A PF informou que foram cumpridos mais 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal.
A Interpol foi acionada para prender dois brasileiros no Líbano por planos terroristas. A corporação pediu a inclusão dos dois na lista vermelha da entidade após a operação realizada mais cedo.
Os alvos podem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo.
Penas máximas para esses crimes chegam a 15 anos e 6 meses de prisão. Os crimes previstos na Lei de Terrorismo são equiparados a hediondos, considerados inafiançáveis, insuscetíveis de graça, anistia ou indulto.
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