Conteúdo publicado há 6 meses

Advogada foi paga antes da reunião no Ministério da Justiça, diz jornal

A advogada Janira Rocha, que agendou audiências com o Ministério da Justiça com a participação da esposa do líder do Comando Vermelho, recebeu pagamentos dias antes da primeira reunião, segundo o jornal O Estado de São Paulo.

Luciane Barbosa Farias, conhecida como dama do tráfico amazonense, esteve em audiências no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas.

O Ministério da Justiça admitiu ao Estadão que Luciane foi recebida por secretários, mas ressaltou que ela integrava uma comitiva de advogados.

O que aconteceu

Recibos apreendidos no celular de uma integrante da facção mostram transferências nos valores de R$ 3 mil, R$ 5.645,00 e R$ 15 mil para a advogada Janira Rocha. A apreensão foi realizada pela Polícia Civil do Amazonas e divulgadas pelo O Estado de S. Paulo hoje.

Os pagamentos teriam sido feitos por Alexsandro B. Fonseca, conhecido como "Brutinho" ou "Brutus". Ele era uma "espécie de contador da facção criminosa, responsável pela contabilidade da 'caixinha' (contribuição dos faccionados)", segundo a polícia.

Os pagamentos aconteceram dias antes da reunião de Luciane Barbosa Farias com o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz. O encontro foi solicitado por Janira, segundo o próprio secretário do ministro da Justiça Flávio Dino.

Há ainda recibos dos pagamentos para a ONG Liberdade do Amazonas, na qual a presidente é justamente Luciane.

O outro lado

Elias Vaz alega que não tinha como saber de antemão dos pagamentos do Comando Vermelho a Janira Rocha, disse ele por meio do Ministério da Justiça ao jornal O Estado de São Paulo. "Considero ser um absurdo imaginar que alguma autoridade vai solicitar quebra de sigilo bancário ou informações bancárias de uma ex-deputada que solicitou uma audiência, antes de realizá-la. Isso nunca aconteceu antes no Brasil. Além de absurdo, isso seria inconstitucional".

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Já Luciane Barbosa afirmou ao veículo que estava "exercendo sua cidadania" ao se reunir com Elias Vaz. "E venho sim, como inúmeras outras esposas e familiares, sendo criminalizada pelo fato de ser esposa de um detento. Respondo a um processo em que fui absolvida em primeira instância, houve recurso do MP e condenação em segunda, sendo que agora continuo recorrendo. Que eu saiba, no Brasil, definido pela instância máxima da Justiça, uma pessoa só pode ser considerada criminosa após o trânsito em julgado [...] No dia 13 de dezembro de 2023, familiares de diversos Estados do país estarão em Brasília, exercendo sua cidadania e apresentando sua pauta".

O UOL entrou em contato com Janira Rocha, através do contato deixado em seu site profissional, mas não teve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto em caso de manifestação.

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