CNJ vai investigar juiz que acusou Lula de relativizar furto de celulares
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) vai investigar juiz do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) que acusou Lula de relativizar o furto de celulares.
O que aconteceu
Processo disciplinar foi aberto em votação unânime. A apuração vai começar após o CNJ atender pedido da AGU (Advocacia-Geral da União), que protocolou reclamação disciplinar contra o magistrado pelo comentário feito em audiência de custódia em julho deste ano, no plantão judicial.
Relator do caso disse que citação a Lula foi "completamente desnecessária". "No contexto de uma audiência de custódia, seja com base em fake news, seja com base em notícia verdadeira, o que tem a ver o presidente da República com a audiência de custódia do furto de um celular?", disse o ministro Luis Felipe Salomão.
Presidente do CNJ afirmou que há "déficit de civilidade" no Brasil. "A polarização e radicalização política do país elevou a um certo déficit de civilidade no vocabulário das pessoas se sentirem à vontade de dizerem qualquer coisa, em qualquer lugar, para os dois lados", disse o ministro Luís Roberto Barroso, ao proclamar o resultado do julgamento.
Ao UOL, a assessoria do TJ-SP informou que o juiz não iria comentar o assunto e prefere não se manifestar fora dos autos.
Fake news citada por juiz circula desde 2021
Desde 2021, circula na internet uma fake news com uma entrevista de Lula editada para parecer que ele falou em "tomar cerveja junto" com ladrões de celulares. A notícia falsa chegou a ser usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em um dos debates durante a campanha presidencial de 2022.
A entrevista original, que gerou o vídeo fraudulento, foi transmitida ao vivo, em 25 de agosto de 2017. A transmissão foi feita na página oficial do presidente no Facebook e tem pouco mais de 1h de duração.
Lula relaciona os casos de violência ao nível de pobreza e à desesperança da população. "É uma coisa que está intimamente ligada. Ou seja, o cidadão teve acesso a um bem material, a uma casinha, a um emprego, e de repente o cara perde tudo. Então, vira uma indústria de roubar celular. Para que ele rouba celular? Para vender, para ganhar um dinheirinho. Eu penso que essa violência que está em Pernambuco é causada pela desesperança."
* Com informações da Agência Estado
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