Vereadores que mantêm apoio a CPI rejeitam convocação de padre Júlio

Vereadores de São Paulo aliados do governo Nunes (MDB) dizem apoiar a criação da CPI das ONGs que atuam na "cracolândia", mas afirmam ser contrários a uma eventual convocação do padre Julio Lancellotti.

O que aconteceu

Líder do governo na Câmara, Fabio Riva (PSDB), afirma que a CPI que apoiou "não faz nenhuma menção ao padre". Segundo ele, a proposta mira entidades que recebem dinheiro público.

Riva destaca ainda que, caso a comissão seja criada, os convites para depoimentos terão que ser aprovados por votação. O autor do pedido de CPI é Rubinho Nunes (União Brasil) — 22 vereadores assinaram o texto.

O requerimento não menciona o padre como possível investigado. Entretanto Rubinho tem dito publicamente que vai mirar em Júlio Lancellotti — o texto perdeu apoio após as declarações do vereador (leia mais abaixo).

Para o líder do governo, os ataques ao padre Júlio demontram que Rubinho "extrapola os limites do objeto da CPI". Segundo Riva, isso tira o efeito real da comissão.

Apoiador da comissão, o vereador Rodrigo Goulart também diz não enxergar o padre Julio no escopo da investigação. "A maior ação social da igreja é a fé e ela nunca será colocada em questão enquanto eu estiver na Câmara", afirma.

A CPI ainda não é uma realidade. Para ela ser aprovada e de fato dar início aos trabalhos, a proposta precisa ser analisada pelo colégio de líderes, depois ir a plenário e conseguir ao menos 28 votos favoráveis.

O presidente da Câmara afirmou que vai pautar o tema na primeira reunião dos líderes deste ano. Segundo Milton Leite (União), nesse encontro será decidido se o tema vai ou não a plenário. Os vereadores estão em recesso e retomam as atividades em fevereiro.

O que dizem os vereadores

Quando o Rubinho pediu a assinatura, ele não mencionou o padre. Eu participei da audiência pública que gerou essa CPI. Foi durante a discussão da isenção dos IPTUs da cracolândia e os moradores falaram que tem um monte de entidade que não fazia absolutamente pelos moradores de rua.
Fabio Riva (PSDB), líder do governo na Câmara

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As boas entidades com certeza poderão participar, se instalada a comissão, de forma colaborativa, mostrando o exemplar trabalho que desenvolvem buscando a solução.
Rodrigo Goulart (PSD)

Autor diz ter votos necessários

Sete políticos anunciaram que vão retirar suas assinaturas. A decisão ocorreu após a repercussão de que a CPI poderia atingir o padre.

A retirada, entretanto, é simbólica e significa que esses vereadores não irão mais apoiar a comissão. Pelo regimento interno, as assinaturas não podem mais ser retiradas depois que o requerimento foi protocolado.

Mesmo com os recuos, o vereador Rubinho Nunes afirma ter o número de votos suficientes para conseguir aprovar a abertura da CPI. "Todos sabiam do conteúdo", diz Rubinho, sobre o requerimento para abertura de CPI.

"Eu acho que não deve ir para frente", diz prefeito. Em entrevista na última terça (9), Ricardo Nunes disse que a falta de apoio à comissão na Câmara e os próprios processos internos da casa devem enterrar a CPI. Entretanto, ele destacou que o tema é de responsabilidade dos vereadores e preferiu não dizer se é contra ou a favor da iniciativa.

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