Conteúdo publicado há 9 meses

Governo posta 'toc, toc, toc' em dia de operação contra Carlos Bolsonaro

O governo federal fez uma publicação sobre a dengue vista por internautas como deboche ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), alvo de operação da PF hoje.

O que aconteceu

No post, o governo federal incentiva as pessoas a receberem agentes comunitários que baterem à sua porta. "Não tenha medo, apenas receba-os", diz a mensagem. Em resposta, as pessoas riram e chamaram de "deboche".

O "toc, toc, toc" virou meme em 2022. Na ocasião, a então deputada federal Joice Hasselmann repetiu os sons de batida na porta, seguido de "é a Polícia Federal" . À época, Joice comentava a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

Ministro diz que comunicação aproveitou "janelas de oportunidades e fluxos". "É difícil para quem raciocina em uma linguagem analógica tradicional entender o papel dos algoritmos nas 'janelas de oportunidades e fluxos' que a comunicação digital precisar considerar", justificou o chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta.

"É como se tivesse um trem em alta velocidade passando. Se eu ficar na frente sou atropelado. Se eu embarco junto, viajo na velocidade do trem, e levo junto a minha mensagem", continuou Pimenta.

A mensagem principal é a dengue o trem é a pauta do dia. É assim que funciona. O resto é especulação e tentativa de tirar o foco do que é central e relevante neste momento
Paulo Pimenta

O perfil oficial do PT Brasil também brincou com a situação. A publicação traz uma imagem com a seguinte frase: "Bom dia, Polícia Federal" e uma foto de Carlos Bolsonaro.

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'Indiretas' e 'revanchismo'

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou a publicação para questionar se o governo Lula "teria alguma ingerência sob a operação desta manhã". "Ou é só destilação explícita de ódio e revanchismo mesmo?", perguntou.

"Não é estranho que aqueles que têm força política para atrapalhar o projeto de poder petista estão sendo alvos de operações?", escreveu a deputada no X.

O também deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) disse que vai acionar a Justiça contra o governo federal. Ele acusou o governo de usar a máquina pública para "fazer indiretas": "É um absurdo um comportamento desses com o uso do dinheiro público para perseguir adversários."

A operação

A PF fez buscas numa casa em Angra dos Reis (RJ) onde estão Carlos, os irmãos Eduardo e Flávio e Jair Bolsonaro. Outro alvo é Giancarlo Gomes Rodrigues, ex-assessor da Abin. A PF encontrou e apreendeu 10 celulares na casa do militar.

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Segundo a PF, a busca e apreensão é para averiguar computadores, celulares e outras mídias que estavam com Carlos. A casa e o gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio, além de assessores de Carlos, também foram alvos.

"Abin Paralela"

A PF investiga se aliados de Bolsonaro na Abin usaram, de forma indevida, outras ferramentas de espionagem, além do First Mile. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real. Segundo a PF, o então diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria utilizado sua posição para "incentivar e encobrir" o uso de um programa espião.

Os investigadores suspeitam que Ramagem utilizou da estrutura da Abin para tentar fazer provas em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente, e espionar adversários políticos do ex-mandatário, como Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara.

A Abin teria sido instrumentalizada para monitoramento da promotora de Justiça responsável pelo caso da vereadora Marielle Franco. Em decisão que autorizou buscas contra Ramagem, o ministro Alexandre de Moraes classificou a postura do ex-diretor da Abin como de "natureza gravíssima".

O First Mile é um programa adquirido pela Abin que permite ao usuário rastrear dados de geolocalização de qualquer pessoa. A ferramenta permite o rastreio de até 10 mil pessoas por ano.

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