Em posse de secretários, Nunes aposta em 'frente ampla'

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), organizou um grande evento para a posse, nesta segunda (19), de Aldo Rebelo e José Renato Nalini como secretários municipais. Eles assumiram as pastas de Relações Internacionais e de Mudanças Climáticas, respectivamente.

O que aconteceu

A cerimônia reuniu políticos de diferentes partidos e os discursos reforçaram o mote defendido por Nunes de que faz parte de uma "frente ampla". O movimento acontece na semana do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — o prefeito disse que deve participar, mesmo sendo desaconselhado pelo seu partido e aliados.

Ao ser questionado se defende ou não Bolsonaro da suspeita de tentativa de golpe, Nunes evitou responder diretamente. "Não sou advogado", disse. Ele voltou a afirmar que acredita nas instituições e no Judiciário.

Do MDB, o ex-presidente Michel Temer, o presidente do partido, Baleia Rossi, e os governadores de Alagoas, Paulo Dantas, e do Pará Helder Barbalho estavam presentes. O secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab (PSD), o ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o ex-deputado Paulinho da Força (Solidariedade) também estiveram no local. O assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten permaneceu na plateia.

A chegada de Aldo Rebelo também reforça a narrativa de frente ampla. Ele assumiu a pasta de Marta Suplicy, que deixou o cargo para ser vice de Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à prefeitura. Aldo já foi ministro nos governos Lula e Dilma, mas sua chegada à administração municipal foi elogiada por bolsonaristas.

Nalini passou a chefiar a pasta de Mudanças Climáticas após a saída de Gilberto Natalini. Outros secretários devem deixar os cargos para se candidatarem como vereadores nas eleições de outubro.

Prefeitura diz que os dois novos secretários foram escolhidos "por sua notável competência e capacidade de articulação". Nunes é pré-candidato à reeleição e contava com a possibilidade de a ex-prefeita Marta ser candidata a vice na sua chapa.

Durante a cerimônia, a prefeitura preparou vídeos sobre a carreira dos novos secretários. "Agora, ele volta a fazer parte de uma frente democrática", dizia trecho sobre Aldo Rebelo.

Aldo é filiado ao PDT e pediu licença ao partido para assumir a secretaria. O partido apoia a candidatura de Boulos, visto como principal adversário de Nunes.

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Nalini é desembargador aposentado e foi secretário da Educação do Estado de São Paulo, em 2016. Ele também presidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo.

O que disseram os novos secretários

Sem citar Lula, Rebelo disse que o Brasil "tem que ser sempre o caminho da solução, não pode ser parte do problema". A declaração acontece após o presidente comparar o genocídio na faixa de Gaza com o Holocausto.

"Árabes e judeus podem se encontrar nas ruas de São Paulo sem medo da violência", afirmou o novo secretário. Ele também disse que é importante que o "Brasil tenha uma agenda para o mundo". "Não basta o mundo ter uma agenda para o Brasil", disse. Ele foi aplaudido.

Nalini disse que a secretaria tem a missão de "articular providências" para o que não é mais mudança, mas "emergência climática". "Entramos em um estágio de ebulição e temos que prestar atenção se não vamos deixar nada para as futuras gerações", afirmou.

Elogios em tom de campanha

Nos discursos, os convidados elogiaram a gestão Nunes. Kassab disse que "as realizações estão acontecendo, só não vê quem não quer". Ele representou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que está em agenda no litoral norte do estado.

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"O prefeito de hoje e de amanhã", afirmou Temer em referência à intenção de Nunes de se candidatar à reeleição. "Parabéns pelo trabalho e governança de altíssimo nível", disse Dantas. "Tenho certeza absoluta que o povo de São Paulo tem reconhecido essa brilhante gestão." Helder Barbalho citou projetos que atribuiu a Nunes, como reflorestamento de parques e renovação da frota.

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