PT aceita Marta e descarta prévias para definir vice de Boulos em São Paulo

O diretório municipal do PT aceitou Marta Suplicy como candidata a vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) para a Prefeitura de São Paulo. Ela agora precisa se filiar ao partido.

O que aconteceu

Nome de Marta para vice de Boulos não passará por prévias no PT. A reunião hoje foi marcada para definir os detalhes da filiação.

Volta de Marta ao partido teve 12 votos a favor e um contra, com uma abstenção. Foi Bárbara Corrales, a Babi, integrante do diretório municipal, que se posicionou contrariamente à filiação da ex-prefeita, revelou o deputado estadual Eduardo Suplicy. Babi participou do encontro de forma remota.

Também foi 12 a 1 a votação para que não sejam realizadas prévias para a vaga de vice de Boulos. Apontadas como possíveis candidatas à vaga, a vereadora Luna Zaratini e a deputada federal Juliana Cardoso devem tentar a reeleição em seus respectivos cargos.

Marta fazia parte da prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), mas foi demitida na semana passada após encontrar o presidente Lula
Marta fazia parte da prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), mas foi demitida na semana passada após encontrar o presidente Lula Imagem: Mathilde Missioneiro - 18.mar23/Divulgação

Refiliação de Marta ainda não tem data para acontecer, diz presidente do diretório municipal do PT. Segundo Laércio Ribeiro, a escolha do dia vai depender de um arranjo entre as agendas da ex-prefeita, de Boulos e de demais aliados.

Existe a possibilidade de que Lula participe do ato de refiliação. "É uma questão de agenda só. Pode ser dia 3, dia 2, mas não há nada certo ainda", declarou Laércio Ribeiro.

Encontro entre Marta e Eduardo Suplicy ontem selou o fim da resistência à volta dela por parte do deputado estadual. Na última semana, ele chegou a propor que o PT tivesse prévias para a vaga de vice na chapa de Boulos, que deve ser ocupada por Marta.

A ex-prefeita terá de apresentar uma nova ficha de filiação ao partido. A expectativa é que isso ocorra antes do Carnaval para que ela já comece a atuar na pré-campanha.

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Boulos lidera a intenção de voto à Prefeitura de São Paulo, segundo o Datafolha. Em segundo lugar aparece o pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), e na sequência os deputados Tabata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União).

O diretório municipal recebe de bom grado e dará as boas vindas ao retorno da Marta Suplicy ao PT. Hoje, a decisão aqui foi por ampla maioria, com 12 votos sim, com só um voto contrário e uma abstenção nas votações relacionadas à volta da Marta e à dispensa da realização de prévias por parte do partido para a vaga de vice de Boulos
Laércio Ribeiro, presidente do diretório municipal do PT em São Paulo

Eduardo Suplicy e outros nomes do PT em São Paulo anunciam que aceitam Marta
Eduardo Suplicy e outros nomes do PT em São Paulo anunciam que aceitam Marta Imagem: Saulo Pereira Guimarães/UOL

Movimentos recentes de Marta

Marta deixou a Prefeitura de São Paulo no último dia 9. Após conversa com Ricardo Nunes (MDB), ela foi demitida do cargo de secretária de relações internacionais, que ocupava desde 2021. Tanto Marta como a prefeitura afirmaram que a demissão se deu em "comum acordo" entre as partes.

No dia anterior, ex-prefeita havia conversado com Lula. O encontro com o presidente aconteceu em Brasília. Nele, Lula convidou Marta a voltar ao PT para ser vice de Boulos nas eleições de São Paulo deste ano.

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Nunes disse que "não tinha como continuar numa situação dessa". "De comum acordo, ela segue um caminho e eu continuo seguindo o meu, governando a cidade. Isso não vai abalar a admiração e respeito que tenho por ela, mas evidentemente não tinha como continuar numa situação dessa", afirmou o prefeito.

O PL, que deve apoiar Nunes, chegou a sondar Marta para ser vice na chapa. As conversas não prosperaram, porque ela se opõe ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem já chamou de "psicopata".

Marta também foi elogiada no início do ano pela pré-candidata Tabata Amaral. A deputada federal postou nas redes sociais que suas leituras de início do ano incluíam o livro "Minha vida de prefeita - O que São Paulo me ensinou", da ex-prefeita. "Marta Suplicy foi uma das melhores prefeitas que São Paulo já teve, além de ter sido a segunda mulher a ocupar esse cargo", escreveu Tabata.

Negociações da chapa com Boulos se desenrolavam desde, pelo menos, novembro. À época, a deputada federal Sâmia Bonfim afirmou em entrevista ao UOL que um cenário em que Marta e Boulos estivessem juntos era "improvável".

Marta tem história no PT

Com Marta na chapa, a ideia é conseguir mais votos na periferia — especificamente na zona sul, onde ela sempre teve apoio. A região será estratégica nessa eleição, já que é reduto político de Nunes e abriga também os bairros onde Boulos e Tabata moram na cidade.

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A ex-prefeita também consegue circular em grupos de empresários e de centro-direita, nos quais Boulos tem mais dificuldade. A figura dela representa um equilíbrio maior para chapa, já que rivais do deputado têm tentado reforçar a pecha de extremista e sem capacidade de diálogo.

Ex-prefeita governou cidade de São Paulo entre 2001 e 2004. À época, ela estava no PT, partido ao qual foi filiada até 2015, quando trocou a legenda pelo então PMDB — hoje ela está sem partido.

Marta votou a favor do impeachment de Dilma em 2016. Ela nunca perdeu, entretanto, a relação de proximidade com Lula. "Estamos olhando para frente, não estamos olhando pelo retrovisor", disse o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ao ser questionado hoje sobre o voto de Marta no impeachment.

Ela também foi ministra em duas ocasiões. Marta comandou as pastas da Cultura (entre 2012 e 2014) e do Turismo (entre 2007 e 2008). Além disso, foi deputada federal (1995 a 1999) e senadora (2011 a 2019).

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