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Bolsonaro, sobre crítica de Lula a Israel: 'Fala criminosa, não só infeliz'

Do UOL, em São Paulo

21/02/2024 08h26Atualizada em 21/02/2024 10h37

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou Lula por comparar os ataques israelenses em Gaza ao Holocausto.

O que aconteceu

Bolsonaro diz que a fala de Lula é criminosa e "não cabe a um presidente". Ele foi entrevistado na manhã de hoje pela CBN Recife.

Ele também diz que Lula mostra um "desconhecimento do que foi o Holocausto". Segundo Bolsonaro, o mundo democrático "está olhando para o Brasil de forma diferente" desde a crise diplomática com Israel.

Ex-presidente diz que Israel "tem o legítimo direito de se defender". O ataque do Hamas ao país deixou 1.200 mortos em 7 de outubro do ano passado. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que já matou mais de 29 mil pessoas na Faixa de Gaza.

Bolsonaro tenta aproveitar a crise para se colocar como um aliado de Israel e inflar seu ato na Paulista, marcado para o próximo domingo (25). Ele visitou o país em abril de 2019, época em que precisava da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Em 2016, ele foi batizado no Rio Jordão, passando de católico para evangélico.

Lula enfureceu o governo israelense e a comunidade judaica após comparar a guerra em Gaza ao Holocausto nazista. O petista foi criticado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e pela Confederação Israelita do Brasil. O governo de Israel declarou o presidente brasileiro "persona non grata" até que ele retire o que disse.

Uma fala criminosa, não só infeliz, mas criminosa, que ofendeu não apenas os judeus, a humanidade também. Não existe comparar o exército de Israel com nazistas (...) Foi uma ofensa [que] não é gratuita, é criminosa à memória de 6 milhões de pessoas que foram mortas em câmaras de gás. Israel, eu entendo, tem o legítimo direito de se defender. Jair Bolsonaro

Ex-presidente deve ficar em silêncio em depoimento

Bolsonaro diz que seguirá a orientação de seus advogados. Ele e outros 10 investigados por suspeita de tramarem um golpe de Estado para mantê-lo no poder serão ouvidos simultaneamente.

Ex-presidente diz 'que ninguém tentou dar golpe no Brasil', mas não citou teor de minuta com prisão de adversários. Segundo a PF, ele pediu e aprovou alterações na minuta de decreto que buscava implementar um golpe de Estado. A minuta detalhava supostas interferências do Judiciário e decretava a prisão de diversas autoridades, como os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No fim, seriam determinadas novas eleições.

Bolsonaro comentou apenas que documento com decretação de estado de sítio não seria possível sem aval do Congresso. Apócrifo e sem assinatura, o documento estava na sede do PL. "Estado de sítio é algo previsto na Constituição. Sequer o primeiro passo foi dado que seria convocação dos conselhos." Durante a entrevista, ele exibiu um exemplar da Constituição brasileira.

'Hoje em dia qualquer um pode ser preso sem motivo', respondeu ele ao ser questionado se teme ser detido. Bolsonaro citou a prisão de aliados na operação da Polícia Federal do último dia 8 de fevereiro. A operação ocorreu com base na delação do tenente-coronel Mauro Cid e em outras provas coletadas pela PF ao longo da investigação.

Bolsonaro diz descobriu cofre em casa em operação da PF

Ele afirmou que não sabia sobre a existência do cofre porque a casa em que mora com a família é alugada. O ex-presidente foi alvo de um mandado de busca e apreensão em maio do ano passado numa ação da PF que mirava inclusão de dados falsos sobre vacinação contra a covid-19. Mauro Cid foi preso naquele dia.

Foi a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro que levou os agentes da PF ao cofre. Segundo Bolsonaro, a PF procurava por cartões de vacinação fraudados, mas "acharam US$ 3 na busca e apreensão".

Ex-presidente diz que R$ 800 mil enviados ao exterior são de sua poupança. O objetivo da transferência, segundo investigação da PF, seria se manter em solo americano enquanto uma tentativa de golpe de Estado se desdobrava no Brasil e, se necessário, se instalar no exterior para se precaver de um inquérito pela conspiração de ruptura do Estado democrático de direito, algo que ele nega. "Se alguém quer dar golpe, não manda dinheiro para os Estados Unidos. Esses recursos seriam bloqueados", argumentou.

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