O que pesa contra Bolsonaro nas investigações da PF e o que ele alega
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é investigado pela Polícia Federal por suspeita de tramar um golpe de Estado para mantê-lo no poder. Ele teve o passaporte retido depois de ser alvo de uma operação no mês passado sobre o caso.
Veja o que pesa contra ele nas investigações:
Comandantes do Exército e da Aeronáutica implicam ex-presidente
Ex-comandante do Exército ligou minuta golpista achada na casa de Torres a Bolsonaro. Em depoimento à PF no início de março e na condição de testemunha, Marco Antônio Freire Gomes disse aos policiais que a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres é a mesma versão que foi apresentada pelo ex-presidente aos chefes das Forças Armadas em reunião em dezembro de 2022.
Freire Gomes disse ter deixado claro que não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional. As informações foram reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo.
Ex-comandante da Aeronáutica afirmou que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro caso ele tentasse golpe. Segundo a Folha, além de afirmar que o então comandante do Exército tentou convencer Bolsonaro a não utilizar institutos previstos na Constituição, como GLO (Garantia da Lei e Ordem), estado de sítio e estado de defesa, o então chefe da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, disse à PF que também avisou o ex-presidente que não apoiaria uma ruptura institucional.
Baptista Júnior relatou às autoridades que ex-comandante da Marinha colocou tropas à disposição de Bolsonaro. Ele e Freire Gomes informaram que Almir Garnier Santos concordou com as ideias propostas nas versões das minutas golpistas discutidas com o então presidente, segundo o jornal.
O que Bolsonaro alega
Na manhã de ontem, antes da divulgação dos depoimentos, a defesa do ex-presidente disse que ainda não tinha tido acesso à integra dos documentos. Fabio Wajngarten, que atua na defesa do ex-presidente, criticou nas redes o general Freire Gomes por ligar Bolsonaro à minuta golpista. "Tem general com memória seletiva? Recorda-se de vírgulas e frases e palavras, mas não se recorda de datas. Bem curioso. Mais ainda as defesas não terem nenhum acesso a esse depoimento folclórico."
Cid confirma plano golpista de Bolsonaro
Ex-ajudante de ordens prestou depoimento de nove horas na PF na segunda-feira (11). Ele tem um acordo de delação premiada assinado com a corporação no ano passado e, segundo o colunista do UOL Aguirre Talento, apresentou novos esclarecimentos em relação às lacunas apontadas pela PF em seus depoimentos anteriores, dando mais detalhes sobre o envolvimento de militares nesses planos golpistas.
O que Bolsonaro alega
Ele nega participação em qualquer crime. Sua defesa já disse, inclusive, que vai contestar a delação sem o aval do Ministério Público.
PF: Bolsonaro pediu e aprovou alterações em minuta golpista
Ex-presidente recebeu cópia de documento. De acordo com a PF, as provas colhidas apontam que Bolsonaro recebeu o material de Filipe Martins, então assessor do presidente, e Amauri Saad, advogado apontado como autor do texto.
Minuta detalhava supostas interferências do Judiciário e decretava a prisão de diversas autoridades. Foram citados os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No fim, seriam determinadas novas eleições.
Com o documento refeito em mãos, Bolsonaro aprovou as mudanças. Depois disso, o ex-presidente convocou uma reunião com chefes das Forças Armadas.
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Defesa disse que minuta foi impressa por problema de visão. Os advogados do ex-presidente disseram ao STF que Bolsonaro "não tem o costume de fazer a leitura de textos no próprio telefone". A defesa ainda disse que o ex-presidente não descartou os dois documentos contendo o suposto plano golpista porque não cogitou a possibilidade de busca e apreensão.
Reunião ministerial com discussão de 'dinâmica golpista'
Falas de Bolsonaro, candidato a vice e ministros apontam para uma suposta articulação de golpe antes das eleições. No vídeo, gravado no dia 5 de julho de 2022, o então presidente diz, sem provas, que haveria um acordo secreto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que "estaria passando por cima da Constituição" para ajudar Lula. "Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros", diz.
Ministros demonstraram preocupação com vazamentos da conversa. O encontro teve a presença de 22 dos 23 titulares de pastas ou seus substitutos.
O que Bolsonaro alega
Defesa afirmou que se tratava de uma "reunião rotineira". Segundo os advogados, na ocasião "os presentes puderam manifestar publicamente sua opinião a respeito da conjuntura daquele momento. O encontro trata, fundamentalmente, da cobrança para com o time de ministros dele para que atuem de maneira organizada."
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