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'STF ajudou a enterrar a Lava Jato', diz Marco Aurélio Mello a jornal

O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello criticou a atuação da corte sobre a Lava Jato, elogiou o senador Sergio Moro e disse que o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol foi "caçado com ç e não com ss". As declarações foram ao Estadão.

O que aconteceu

Marco Aurélio Mello disse que a Suprema Corte ajudou a enterrar a Lava Jato. "Quando se concluiu, por exemplo, que o juízo da 13.ª Vara Criminal do Paraná não seria competente, se esmoreceu o combate à corrupção."

"Precisamos estancar a sangria" se consumou. "Aí, talvez, a colocação daquele senador da República que disse que 'precisamos estancar essa sangria', acaba se mostrando procedente", afirmou o ministro aposentado. A referência foi ao ex-senador Romero Jucá.

O ex-ministro defendeu ainda a atuação do Ministério Público e da Justiça no caso. "Se fala em conluio entre a magistratura e o Ministério Público, julgador e acusador. Que conluio? O diálogo é saudável, o diálogo sempre existiu. O juiz sempre esteve aberto a ouvir o Ministério Público, fazendo a ponderação cabível", afirma.

Deltan 'caçado com ç'. Marco Aurélio Mello disse que o ex-procurador da Lava Jato eleito deputado federal e que teve o mandato cassado foi "caçado com ç e não com ss". "Simplesmente se presumiu que, quando ele pediu exoneração, o fez para fugir a um processo administrativo que poderia levar à declaração de inelegibilidade. É presumir o excepcional e não o corriqueiro, que é a postura digna por parte do cidadão", afirma o ex-ministro.

Moro foi "insano" ao deixar magistratura para ser ministro de Bolsonaro. Segundo Marco Aurélio Mello, o ex-juiz foi visitá-lo em seu gabinete quando ainda era ministro. "E eu disse a ele, com a franqueza própria dos cariocas, que ele tinha cometido um ato, a meu ver, insano. Abandonar um cargo alcançado por concurso público, uma função que o tornou herói nacional, para ser auxiliar de um presidente da República demissível a qualquer momento", contou.

"Ainda bem que o Estado do Paraná o elegeu senador", concluiu o ex-ministro do STF.

Retrocesso no combate à corrupção. Para Marco Aurélio Mello, "houve um retrocesso brutal e não continuamos a caminhar visando tornar o Brasil o que se imagina do Brasil, o Brasil sonhado".

Com Teori Zavaschi vivo, seria diferente. Segundo Marco Aurélio, se o ministro não tivesse morrido em um acidente aéreo em janeiro de 2017, a investigação da Lava Jato teria se encaminhado para outro rumo. Teori era o relator da operação no STF. Quem ocupou a sua vaga no Supremo foi Alexandre de Moraes.

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Marco Aurélio Mello foi ministro do Supremo entre 1990 e 2021. Ele foi indicado para ocupar o cargo por seu primo, o ex-presidente Fernando Collor de Mello.

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