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Lula chama Bolsonaro de 'covardão' após depoimentos sobre plano de golpe

O presidente Lula (PT) falou hoje pela primeira vez sobre os depoimentos à Polícia Federal divulgados na última sexta (15) e disse que os documentos deixam claro que havia um "plano para um golpe de Estado" no país no fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O que aconteceu

"Não teve golpe não só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do [ex-]presidente, mas também porque o [ex-]presidente é um covardão", disse Lula aos ministros em reunião no Palácio do Planalto. "Ele não teve coragem de executar o que planejou, ficou dentro de casa aqui no Palácio chorando quase um mês e preferiu fugir para os EUA do que fazer o que tinha prometido."

Temos mais clareza do significado do 8 de janeiro porque a gente já sabe o que aconteceu no mês de dezembro, hoje a gente tem clareza por depoimentos de gente que fazia parte do governo, ou que estavam no comando das Forças Armadas, de gente que foi convidada pelo presidente para fazer um golpe.
Lula, em reunião ministerial

Essa é a primeira vez que o presidente faz menção aos depoimentos à Polícia Federal liberados na última sexta-feira (15). O ministro do STF Alexandre de Moraes tirou o sigilo sobre as oitivas de 27 pessoas sobre a suposta tentativa de golpe para manter Bolsonaro na Presidência (leia a íntegra dos documentos).

Bolsonaro e outros 13 investigados ficaram em silêncio em depoimento. Já o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes ligou o ex-presidente ao rascunho de decreto de golpe.

Lula falou na primeira reunião ministerial do ano, agendada após pesquisas de opinião indicarem queda na aprovação do governo. O presidente afirmou que é dever de sua equipe mostrar as ações dos últimos 13 meses. "Se as pessoas não falam bem da gente, ou bem das coisas que a gente fez, nós é que temos que falar", disse.

Ao contrário do que pretendia —focar nos resultados do governo—, Lula dedicou grande parte da sua breve fala a Bolsonaro.

Embora o Planalto negue, pessoas próximas ao presidente admitem que o presidente não ficou "especialmente irritado" com os resultados das pesquisas. A pessoas próximas e a ministros, Lula tem admitido que já esperava que os resultados conquistados fossem mais sentidos. Seu ponto principal é a economia: se o preço baixou e os empregos aumentaram, isso deveria ter sido sentido.

Crise na comunicação

Lula tem repetido durante todo o mandato que os feitos do governo não chegam à população. Nos encontros, costuma dizer que o governo tem diversas conquistas em diferentes setores, mas que essa "sensação" não bate na população.

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Esse foi o tom foi dado pelo presidente na fala de abertura. "Nós não vamos falar do passado. Vamos mostrar o que fizemos nesses 13 meses", disse o presidente, brincando que "a imprensa" estava "curiosa" para saber o que ele fazia no encontro.

A fala de Lula pode ser entendida como uma cutucada na mídia, mas em especial à sua equipe. Lula insiste que, se é feito, mas não chega ao povo, o problema está também no governo.

E a economia?

Nas pesquisas divulgadas, chamou atenção em especial a questão econômica. Segundo a Quaest, o número de brasileiros que entendem que a economia piorou neste governo subiu de 31% em dezembro para 38% em março.

O governo vê a alta no preço dos alimentos como principal causa e já acionou plano de emergência. Na semana passada, reuniu ministros de economia e agricultura para entender a questão e trazer prazos: garantiram queda até o mês que vem.

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, abriu sua fala depois de Lula com esses dados. Ele ressaltou algumas conquistas de 2023:

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  1. Menor taxa de desemprego desde 2015 (7,8);
  2. Aumento do salário mínimo acima da inflação depois de cinco anos;
  3. Aumento do valor médio pago pelo Bolsa Família (R$ 680,60), com maior número de pessoas atendidas (55,7 milhões);
  4. Ampliação da Farmácia Popular e do repasse do Fundo Nacional de Saúde a estados e municípios.

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