Festa do PT tem 'companheiro Alckmin', Dirceu e ingressos a até R$ 20 mil

Militantes, apoiadores e até deputados faziam fila na entrada de um centro de convenções em Brasília para tirar foto com o presidente Lula (PT)... de papelão. O Lula real também apareceu, pouco depois, e a competição por selfies foi ainda mais acirrada, durante a festa de 44 anos do partido ontem.

O que aconteceu

O evento reuniu o presidente, parte dos ministros e medalhões do PT do passado e de hoje, com samba e uísque. Com show da sambista Teresa Cristina, a festa foi aberta por Lula, com direito a parabéns e bolinho no palco, e as velas sopradas por ele.

Os convites foram vendidos por R$ 350, R$ 5.000 e R$ 20 mil. A contribuição foi feita apenas por pessoas físicas, com pagamento via Pix.

Todos os 500 convites disponibilizados foram vendidos —outros tantos foram distribuídos. A festa serve como meio de arrecadação para o partido.

Lula voltou a falar sobre Gaza e citou o caso Daniel Alves. Em fala rápida, antes do jantar, o presidente saudou o partido, voltou a chamar o conflito na Faixa de Gaza de genocídio e criticou a fiança para o jogador Daniel Alves, condenado por estupro na Espanha.

Bastidores

O vice Geraldo Alckmin, durante festa dos 44 anos do PT
O vice Geraldo Alckmin, durante festa dos 44 anos do PT Imagem: Lucas Borges Teixeira / UOL

"Companheiro Alckmin". Se Lula era a grande atração, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), tucano por três décadas, também ganhou destaque. Ele chegou cedo, pouco depois das 20h, e também foi disputado por selfies e apertões, chamado de "companheiro Alckmin", brincadeira em referência ao termo usado por Lula na campanha de 2022. A união entre os dois também foi celebrada pelo presidente no discurso.

Medalhões do governo Lula 1, como Dirceu e Delúbio. Além dos ministros da gestão atual, a festa foi polvilhada pelos medalhões do primeiro mandato de Lula. José Dirceu, ex-Casa Civil, era uma celebridade entre os petistas, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, desfilava feliz com uma camiseta do partido e chapéu panamá.

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Lula de papelão. Quem chegava ao centro de convenções na Asa Sul se deparava com três reproduções do presidente em tamanho real. Filas foram formadas, com os convidados "fazendo o L" ao lado do fake petista. Quando Lula chegou, como um popstar, a atenção voltou-se toda para ele: disputa para abraços, selfies, "olê olê olê olá" e gritos de "eu te amo".

Nísia acolhida. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, chegou tímida. Alvo da crítica mais contundente de Lula na última reunião ministerial, foi "acolhida" pelos militantes ao transitar pela festa. Ganhava beijos, fotos e falas sutis de apoio, mas não quis chegar perto da imprensa.

Samba e uísque. A festa foi animada. Com mesas lotadas, não faltou comida e a bebida (cerveja, uísque e drinks), servidas até 0h30, quando o telão já exibia clipes de pagode e rock dos anos 1990.

Teresa Cristina tocou durante o jantar. Com repertório de Cartola, Noel Rosa e Paulinho da Viola, animou a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação) e a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que foram para a frente palco, e Janja, que dançou na área reservada ao lado de Lula.

Quem menos parecia à vontade eram os ministros do governo. Sob um clima de tensão que se instalou no Planalto na última semana, poucos circulavam, como Márcio Macêdo (Secretaria Geral) e Luiz Marinho (Trabalho).

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Na alta cúpula, poucos sorriam. Alexandre Padilha (Relações Institucionais) ficou mais próximo dos colegas de São Paulo, ao fundo, do que no lugar a ele reservado; Fernando Haddad (Fazenda) nem apareceu. Aliados desconversavam, mas brincavam: "Hoje, eu que não queria estar naquela mesa lá", apontando para a região do governo.

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