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Ex-presidente do PSDB diz que sigla 'perdeu a cara'; Aécio culpa Doria

O ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati avalia que o partido se "descaracterizou" ao longo das últimas eleições e que é preciso formar novos quadros.

O que ele disse

Jereissati defende que, apesar dos problemas, o PSDB tem três dos melhores governadores do Brasil. Em entrevista ao jornal O Globo, ele citou Raquel Lyra (PE), Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS).

"Sempre tivemos vários problemas, mas tínhamos quadros. Qualquer que fosse o analista que estudava a política brasileira, no mínimo falava que o PSDB tinha os melhores economistas e sociólogos. Essas lideranças eram muito fortes e são difíceis de serem substituídas, mas está acontecendo. A qualidade se transformou em quantidade [...] Não temos muitos deputados nem muitos senadores, mas começamos a ter uma renovação", afirmou.

O político acredita que o partido passou por uma descaracterização em certo momento. "Houve um momento em que o PSDB se descaracterizou, o partido perdeu sua cara. Até pelo fato de ser poder (no governo FHC), atraiu muita gente que não tinha necessariamente a sintonia com o partido que os seus fundadores tiveram. Eu não vou falar de nome de ninguém, estou preocupado com o futuro, todos nós participamos desse processo de descaracterização do partido".

O ex-presidente da sigla também apoia a adoção de uma postura independente ao governo Lula (PT), como Raquel Lyra. Ele afirmou que o PSDB "não é uma oposição, tipo bolsonarista ou PL, sistemática", e que não se opõe a tudo o que o governo faz "por ideologia, por ressentimento, seja o que lá for".

"O governo Lula deu grandes passos, não podemos negar. Agora, nós não somos governo, não queremos ir para o governo porque em outras coisas mais não concordamos. Somos independentes", garantiu.

Mesmo assim, Jereissati diz não se arrepender de ter apoiado Lula em 2022. "Não concordamos com muitas das ideias do governo que está aí [...] Está sendo provado que o grupo e as atitudes do governo anterior eram de extremo risco para a democracia."

Nós do PSDB nascemos na ideia da defesa da democracia. Quase todos os fundadores vieram de um partido que fazia uma enfática oposição ao sistema militar. O Bolsonaro era uma ameaça grave
Tasso Jereissati

Jereissati também defende que Eduardo Leite represente o PSDB nas eleições presidenciais de 2026. Segundo ele, posição é consenso no partido que o governador do Rio Grande do Sul representa o "projeto social-democrata" da sigla, com visão de mercado "mais aberta" e com "uma consciência muito qualificada do papel do Estado em determinadas situações de corrigir desequilíbrios sociais e econômicos". "E esse nome nós temos hoje muito bem representado pelo governador do Rio Grande do Sul", disse.

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Ele disse ainda que ficaria feliz se o partido apoiasse a candidatura de Tabata Amaral à prefeitura de São Paulo. Jereissati afirmou ter enorme admiração por Tabata e acredita que essa seja uma oportunidade para "a renovação da política no Brasil, para que as jovens lideranças, não só de idade, mas de cabeça e idade também, assumam o protagonismo".

Aécio colocou a culpa em Doria

Deputado federal disse que o ex-governador de São Paulo foi um "tsunami" para o partido. "A grande verdade é que nós fomos atingidos em 2022 por um tsunami chamado João Doria, que esfacelou o partido na busca de um projeto egocêntrico e, que ao final, nos impediu de ter uma candidatura à Presidência da República. Esse foi o equivoco maior que a direção do partido cometeu", afirmou Aécio à CNN Brasil.

Aécio disse que nesse momento o PSDB passa por uma "lipoaspiração". "O PSDB, na verdade, não se fragiliza. O PSDB talvez esteja passando por uma lipoaspiração para voltar mais esbelto e mais forte para cumprir seu papel."

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