'Filho é teu, faz exame de DNA': Haddad debate com bolsonaristas na Câmara

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, bateu boca com deputados da oposição hoje em vários momentos de uma audiência pública da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.

O que aconteceu

"Esse déficit não é nosso, o filho é teu". Questionado pelo deputado Filipe Barros (PL-PR), que acusou o governo de gastar muito e compensar aumentando impostos, o ministro afirmou que as ações fiscais do governo agora são necessárias para ajustar as contas públicas após políticas do governo Jair Bolsonaro (PL).

Só teve dois presidentes que deram calote desde a redemocratização, o Collor e o Bolsonaro [...] Aí vem o presidente e paga o calote, e 'ah, olha o déficit que o presidente Lula fez'. Esse déficit não é nosso, o filho é teu, tem que assumir, tem paternidade aqui. Faz o exame de DNA que você vai saber quem que deu calote
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Em 2021, Bolsonaro adiou pagamento de precatórios. O então presidente "pedalou" o pagamento até 2026, mas o governo Lula decidiu pagá-los antes, após uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), em novembro de 2023. Precatórios são dívidas do governo com pessoas e empresas cujo pagamento já foi determinado por uma decisão judicial definitiva. O pagamento de R$ 95 bilhões em 2023 impactou as contas públicas.

"A Terra é redonda o tempo todo", disse Haddad a Abilio Brunini (PL-MT) após ser chamado de "negacionista da economia". "Não faz o menor sentido o senhor estar fazendo esse discurso manso e ponderado enquanto o Brasil não está se desenvolvendo bem na economia", disse o deputado.

O senhor me chama de negacionista? Defendi a vacina o tempo todo, a Terra é redonda o tempo todo. Vocês negam que a Terra é redonda, vocês negam que a vacina previne, negam essas coisas. Negam que deram um calote em precatório, negam que deram calote em governador e eu que sou negacionista?
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

"Se não gosta de Madonna, não vá ao show da Madonna". Brunini também questionou se Haddad preferia estar no Ministério da Cultura tocando "Blackbird", música dos Beatles que o ministro já tocou em uma entrevista. Haddad respondeu que o bolsonarismo não gosta de cultura, e foi interpelado se o show da Madonna era cultura.

Se não gosta da Madonna, não vá ao show da Madonna. O senhor gosta de monocultura, nem todo mundo é obrigado a ter o mesmo gosto do senhor
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Haddad também disse a Brunini que tem dificuldade em entender o raciocínio dele. "Eu olho para o senhor de um ponto de vista antropológico, tentando entender o seu pensamento, o seu raciocínio, com grande dificuldade".

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"Feche a porta para ouvir e pare de lacrar na rede", disse o ministro ao deputado Kim Kataguiri (União-SP). Ele explicou que o ICMS cobrado de compras do exterior vai para os governos estaduais, não o federal. "O senhor vai criticar publicamente os governadores que o senhor apoia? Não fará isso. Pega o microfone e fala mal do Tarcísio [de Freitas, governador paulista]. Coragem", afirmou Haddad. "As pessoas merecem ser ouvidas, receba-as em seu gabinete, ouça os argumentos, feche a porta para ouvir e pare de lacrar na rede".

*Com a Agência Estado

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