Lula recebe irmãos Batista, e agro promete 2.000 toneladas de carne ao RS

Empresários do agronegócio prometeram hoje (27) doar mais de 2.000 toneladas de carne ao Rio Grande do Sul, que vem sofrendo há mais de um mês por causa das enchentes.

O que aconteceu

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS, participaram de um encontro com o presidente Lula no Palácio do Planalto. Ao todo, foram mais de 30 representantes dos principais produtores de proteína animal do Brasil.

Empresários disseram que as carnes já começaram a ser distribuídas, mas havia um problema de destino e organização. As proteínas deverão ser integradas às cestas básicas doadas a famílias necessitadas e distribuídas nos 590 restaurantes solidários e abrigos em funcionamento.

O governo deverá ajudar na logística, em parceria com as autoridades estaduais e a iniciativa privada, informou o Ministério da Agricultura. Mas a pasta não detalhou como a operação funcionará.

É a primeira vez que os irmãos Batista são recebidos na sede do Poder Executivo desde que se afastaram da empresa, em 2017. Na época, eles fecharam um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), no âmbito da operação Lava Jato, admitindo corrupção e pagamento de propina.

Na delação, eles afirmaram ter "emprestado" US$ 20 milhões ao PT. Joesley Batista também quase derrubou o então presidente Michel Temer (MDB), ao gravar uma conversa na qual ele aparentemente dava aval para comprar o silêncio de potenciais delatores, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PRD). Os irmãos Batista voltaram ao conselho de administração da JBS em março deste ano.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista admitiram corrupção e pagamento de propina em delação à Lava jato
Os irmãos Joesley e Wesley Batista admitiram corrupção e pagamento de propina em delação à Lava jato Imagem: Andre Borges/FolhaPress

Mais de 6 milhões de refeições

A doação de carne deverá compor mais de 6 milhões de refeições, afirmou o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura. Ele explicou que, primeiro, o governo irá estimar o número de pessoas necessitadas nos locais. "Nós vamos montar [a logística]. A lógica é essa: tem tantas pessoas precisando, cria essa logística e terá uma rede de distribuição para que chegue", explicou.

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Será criado um grupo de trabalho para a distribuição. "O hub logístico já está lá, já tem carne disponibilizada. Mais de 2 milhões de quilos, então alguém [um empresário] já pode falar: 'alguém retira 100 mil quilos do nosso estoque'", exemplificou Fávaro. Não há data para o fim da distribuição.

Ainda segundo o ministro, Lula pediu que a mesma iniciativa seja tomada para organizar doações em outros setores. Fávaro afirmou que este tipo de organização ajuda a "blindar as doações dos malfeitores".

Fávaro prometeu ainda que a operação não irá impactar no preço da carne. "[A quantidade] é bastante para a solidariedade, mas é pouco para o mercado de bilhões de quilos. Em hipótese alguma vai transmitir para o preço."

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