Pimenta discute com Eduardo Bolsonaro, Kicis e Bilynskyj sobre fake news

O ministro de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta (PT-RS), participou nesta terça-feira (11) de uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para explicar por que pediu abertura de inquérito da PF (Polícia Federal) para investigar supostas fake news divulgadas sobre os resgates nas enchentes do Rio Grande do Sul. Durante a sessão, Pimenta e deputados trocaram acusações e resgataram fatos antigos.

O que aconteceu

A CCJ investiga se houve abuso de poder e censura na abertura de inquérito contra opositores do governo federal. O pedido de investigação foi feito por Paulo Pimenta e autorizado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Durante a sessão, Pimenta destacou que, apesar de ele ter pedido a investigação, caberá ao Judiciário decidir se os investigados cometeram ou não crimes. Ele foi confrontado sobre casos que se tratavam de críticas, e não desinformação, mas listou várias informações que foram espalhadas nas redes sociais e acabaram desmentidas pela imprensa e por órgãos de checagem. Questionou ainda a motivação para a divulgação de fake news.

O que leva um cidadão num momento de reconstrução, de união, de esforço para salvar vidas a se dedicar a produzir mentira, desinformação e fake news?
Ministro Paulo Pimenta

Indireta contra deputado por violência doméstica

A convocação de Pimenta partiu do deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP). Para ele, o ministro tenta silenciar opiniões contrárias à atuação do governo federal. Hoje, ao confrontar Pimenta, ele afirmou que a constituição não tipifica fake news como crime.

O senhor menciona que estamos numa guerra e que quem 'age contra nós' deve ser tratado como criminoso. Como o governo distingue a crítica legítima da disseminação de informação falsa? O que é fake news? Em que lugar da constituição esse crime é tipificado?
Deputado federal Paulo Bilynskyj

Bilynskyj ainda questionou a presença da esposa de Paulo Pimenta em aeronaves das Forças Armadas. O petista confirmou que utilizou os aviões e argumentou que o uso seria permitido a ministros. Na resposta, falou sobre seu bom relacionamento com a esposa e fez indiretas ao deputado.

Sim, sou ministro de Estado, participo de eventos públicos, e muitas vezes a minha esposa me acompanha. Não posso dizer o mesmo do senhor. Inclusive eu tenho uma relação com ela de respeito, sem violência, sem agressão, e pra mim, inclusive, é um orgulho ela poder andar junto comigo. (...) As aeronaves em operação estão à disposição do ministério extraordinário e é dessa maneira que eu me desloco. Inclusive, nessa oportunidade, foi para realizar uma reunião na região da quarta Colônia, com todos os prefeitos da região, uma reunião extremamente importante.
Paulo Pimenta

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Bilynskyj pediu direito de resposta após o comentário. "O senhor demonstrou o que é fake news na prática", disse.

Em maio de 2020, quando ainda era delegado, Bilynskyj esteve envolvido numa investigação policial que envolvia a morte da sua então namorada, Priscila Delgado Barrios. A jovem de 27 anos foi encontrada sem vida após uma discussão entre o casal dentro do prédio dele, em São Bernardo do Campo.

A Polícia Civil concluiu que Priscila tentou matar o namorado por ciúmes e, após balear Bilynskyj seis vezes, tirou a própria vida. Na época, o TJ-SP e a advogada Priscila Silveira, que defendeu Bilynskyj da acusação de feminicídio, confirmaram que o caso foi arquivado em 2021.

Suposto apelido de Pimenta na Odebrecht

Durante a audiência, parlamentares do PL se referiram a Paulo Pimenta como "Montanha". O apelido, que constava na lista de políticos envolvidos com o esquema de corrupção da Obrebrecht, foi supostamente atribuído a ele durante a operação Lava Jato, mas isso nunca foi confirmado.

Pimenta afirmou que nunca foi investigado pela Lava Jato. Ainda brincou que o apelido seria derivado de "Montanha de votos", já que ele foi o deputado mais votado do PT em quatro eleições.

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O petista também disse que nunca cometeu crimes como 'rachadinha' e citou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que estava presente, para fazer uma referência ao irmão dele, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O deputado pediu direito de resposta e acusou Pimenta de disseminar fake news. Eduardo questionou o ministro sobre as investigações e citou o artigo 53 da constituição, sobre imunidade parlamentar.

Eduardo Bolsonaro em Sessão da CCJ
Eduardo Bolsonaro em Sessão da CCJ Imagem: Reprodução/TV Senado

Eduardo Bolsonaro ainda levou um artigo da Folha de São Paulo e reclamou de ser investigado por uma crítica ao governo.

Isso aqui é Folha de São Paulo, é um artigo da grande mídia. Eu estou sendo acusado de compartilhar fake news por compartilhar artigos da grande mídia.
Deputado federal Eduardo Bolsonaro

Vale lembrar que quem vai analisar se há crime ou não é a polícia. Depois o Ministério Público vai decidir se vai denunciar ou não e depois a justiça. O que fiz foi tentar frear as fake news, aqueles que não cometeram crimes não têm o que temer.
Paulo Pimenta

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Fake news sobre boate Kiss

Outro caso resgatado durante a sessão de hoje foi uma acusação de fake news contra a deputada Bia Kicis no incêndio da Boate Kiss. Após o discurso da deputada, Pimenta lembrou que um grupo do qual ela fazia parte, o Revoltados Online, publicou uma notícia dizendo que ele era um dos donos da casa noturna, que pegou foto em 2013, matando 242 pessoas.

Pimenta é natural de Santa Maria, cidade em que ficava a boate. Ele coordenou a comissão na Câmara que criou a Lei 13425, conhecida como lei Kiss, que intensificou a prevenção a incêndios em estabelecimentos e unificou regras para estados e municípios, definindo competências e responsabilidades.

Em resposta, Kicis argumentou que participou do grupo e esteve na audiência pública em que a fake news foi citada, mas negou ter compartilhado a informação.

Eu sei o que é fake news. A senhora lembra como eu conheci a senhora, deputada Bia Kicis, sentada aqui [na mesa da comissão]. Eu convoquei a senhora numa comissão sobre o incêndio da boate Kiss. A senhora e a Carla Zambelli vieram depor aqui. Na noite do velório, minha mãe me ligando, minha foto estampada nas ruas, publicada pela senhora, pela Carla Zambelli e pelo Marcello Reis, distribuindo para todo o Brasil que eu, que nunca entrei na boate Kiss, era o dono da boate Kiss. Eu passei o velório junto com a minha cidade vendo o meu nome e a minha foto (...) Eu sei do que vocês são capazes e tive força porque a cidade me conhecia, o Rio Grande me conhecia. Porque vocês podiam ter me destruído. Com 242 pessoas sendo veladas e vocês se dedicando a enxovalhar minha história.
Paulo Pimenta

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