MP-RJ denuncia deputada Lucinha por suspeita de integrar milícia de Zinho

A deputada estadual do Rio Lucia Helena Pinto de Barros, a Lucinha (PSD), e sua ex-assessora Ariane Lima foram denunciadas pelo MP-RJ por suspeita de participação em milícia.

O que aconteceu

O MP-RJ acusa ambas de fazer parte da milícia conhecida como "Bonde do Zinho", liderada por Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho. Segundo as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro, elas integravam o núcleo político da organização criminosa.

A denúncia foi apresentada ao Tribunal de Justiça com base na operação "Dinastia 1". A investigação apontou que a milícia é composta por um núcleo operacional com três subgrupos: lideranças principais, lideranças locais e assessores, que incluem soldados e informantes. Esses assessores mantinham contato com forças de segurança e executavam funções de patrulhamento e segurança.

Durante a operação "Dinastia 2", foram identificados outros dois núcleos da milícia, incluindo a área que a deputada atuaria. O núcleo financeiro se encarregava da lavagem de dinheiro, enquanto o núcleo político, do qual Lucinha e Ariane faziam parte, segundo o MP-RJ, defendia os interesses do grupo junto ao poder público. Elas intercediam para favorecer a milícia, blindá-la de ações estatais e garantir a impunidade dos integrantes, de acorso com o MP.

Em julho de 2021, as denunciadas forneceram informações privilegiadas ao grupo criminoso, afirma o MP-RJ. Segundo as apurações, elas informaram sobre a agenda do prefeito Eduardo Paes na zona oeste, permitindo que a milícia retirasse seus integrantes das ruas. Também tentaram manter a "Brecha da P5" no transporte alternativo municipal, aumentando a arrecadação das vans operadas pela milícia.

O MP-RJ afirma que as acusadas recebiam informações sobre investigações em curso e interferiam nelas. Em novembro de 2021, Lucinha ajudou a liberar membros do grupo presos em flagrante e tentou remover comandantes policiais que combatiam a organização, segundo as investigações. Entre junho de 2021 e março de 2022, elas teriam se reunido frequentemente com as lideranças do grupo, incluindo Zinho, para planejar suas ações na Alerj.

Lucinha nomeou como assessores em seu gabinete integrantes da milícia e seus parentes, segundo o MP. Isso ocorreu entre 2021 e 2023, consolidando a influência do grupo criminoso no poder público, de acordo com a apuração. As acusadas poderão responder pelo crime de constituição de milícia privada, com penas que podem variar de 5 a 10 anos de prisão, além da perda da função pública.

Em dezembro do ano passado, Lucinha chegou a ser afastada do cargo.Em fevereiro deste ano, porém, a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) derrubou, em sessão no plenário, os efeitos da decisão judicial.

O UOL entrou em contato com a deputada Lucinha para obter uma posição sobre a denúncia, mas até o momento da publicação ela não havia respondido às mensagens. A defesa da ex-assessora, Ariane Lima, não foi localizada. O espaço permanece em aberto, para manifestações.

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