Nunes compara caso das joias de Bolsonaro ao da importunação de baleias
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) comparou, nesta terça-feira (9), o inquérito das joias, pelo qual Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado, ao caso de importunação de uma baleia jubarte que levou o ex-presidente a também ser investigado pela Polícia Federal.
O que aconteceu
Nunes minimizou o indiciamento e destacou que o inquérito sobre a baleia foi arquivado pela PF. "Já teve o caso da baleia lá, teve indiciamento, [Bolsonaro] foi ouvido pela Polícia Federal e depois [a PF] disse que ele não importunou a baleia. Teve o caso dos móveis, que sumiu com os móveis, depois os móveis estavam lá. Teve o caso da embaixada, que teria algo errado, ilegal, mas depois descobriu que não era ilegal", afirmou o prefeito ao sair em defesa de Bolsonaro, que o apoia na disputa pela reeleição.
O prefeito afirmou ter "tranquilidade" sobre a inocência do ex-presidente. "Nós temos muita tranquilidade e [temos que] comemorar que nós somos um país da democracia e ela prevê que a gente respeite os processos legais e que a gente faça as ações de todos os lados, inclusive da imprensa, com muita responsabilidade", disse a jornalistas após participar de um evento para celebrar a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo.
Bolsonaro foi ouvido pela PF no caso da baleia jubarte, mas não foi indiciado, ao contrário do que disse o prefeito. O inquérito apurou se o ex-presidente importunou o animal durante um passeio de moto aquática em São Sebastião, no litoral paulista, em junho do ano passado. A investigação foi concluída em março, e a PF decidiu por não indiciar Bolsonaro e nem o ex-chefe da Secretaria de Comunicação Fabio Wajngarten, que o acompanhava no passeio.
Nunes acompanhou o evento desta terça ao lado de Ricardo Mello Araújo, seu pré-candidato a vice. O coronel aposentado da PM foi indicado ao posto por Bolsonaro. Também estavam na cerimônia o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Inquérito das joias
A PF concluiu que ex-auxiliares de Bolsonaro venderam os presentes oficiais e entregaram o dinheiro em espécie para o ex-presidente. O relatório final da investigação tem 476 páginas e é assinado pelo delegado responsável pelo caso, Fabio Shor.
O total das joias investigadas no caso chega a US$ 1.227.725,12 ou R$ 6.826.151,661, segundo a PF. O valor não considera os bens ainda pendentes de perícia, além das esculturas douradas de um barco e uma árvore e um relógio Patek Philippe, que foram vendidos. A investigação diz que a associação criminosa envolvendo o ex-presidente e auxiliares tentou "legalizar" a incorporação dos bens para poder vendê-los, o que indicaria crime de lavagem de dinheiro. O relatório não informa, porém, qual fatia deste valor teria ficado com Bolsonaro.
Conclusão é a mais dura acusação contra o ex-presidente até o momento. O caso seguiu nesta segunda-feira para análise do procurador-geral da República, que terá 15 dias para se manifestar. É o primeiro inquérito no qual a PF afirma que Bolsonaro teria recebido dinheiro em espécie desviado dos cofres públicos, já que os presentes eram considerados bens do Estado brasileiro.
Mensagens no celular do tenente-coronel Mauro Cid indicam que Bolsonaro recebeu envelope com dinheiro vivo enquanto era presidente. Segundo o colunista do UOL Aguirre Talento, o envelope teria sido entregue pelo familiar de um empresário do agronegócio no final de 2022, pouco depois de Bolsonaro ter chegado aos Estados Unidos.
Trata-se de Paulo Junqueira, que emprestou uma casa para Bolsonaro se hospedar em Orlando, no estado da Flórida. Questionado pelo UOL, o empresário confirmou que houve entrega de dinheiro, mas disse que seria para custear despesas de reparos na casa.
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